Traficante é julgado sem algemas
No início do julgamento de Fernandinho Beira-Mar, a juíza Maria Angélica Guerra Guedes aceitou o pedido do advogado de Beira-Mar, Francisco Santanna, para que seu cliente não usasse algemas. Santanna alegou que o traficante tem os mesmos direitos do ex-banqueiro Salvatore Cacciola. "A única diferença é que ele nasceu em berço de ouro, mora em mansão e é rico. Fernandinho Beira-Mar é negro, nasceu na favela e mora na cadeia. Mas o direito é o mesmo".
Rio de Janeiro - Risos, brigas, broncas e toques de celular marcaram o julgamento do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, na tarde de ontem no 4º Tribunal do Júri do Rio. Ele foi julgado por um processo do ano 2000 sobre um tiroteio entre policiais e traficantes. Desta vez, Beira-Mar foi condenado a seis anos de prisão em regime fechado por associação ao tráfico.
No processo de ontem, o traficante era acusado pelo Ministério Público do Rio de ter ligação com um grupo que atirou contra policiais durante uma perseguição em Duque de Caxias (Baixada Fluminense) em 1996. Para a Promotoria, o bando tentava evitar a prisão de Charles Silva Batista, o Charles do Lixão, líder do tráfico de drogas na favela do Lixão, também em Caxias.
Descontraído, Beira-Mar riu bastante e interagiu com amigos e parentes que assistiam à sessão no plenário do 4º Tribunal do Júri do Rio, no centro da cidade. Durante toda a sessão, que durou pouco mais de quatro horas, o plenário ficou lotado. Os celulares, que deveriam estar desligados, tocaram ao menos quatro vezes, o que irritou a juíza Maria Angélica Guerra Guedes, que julgava o caso.
Meia hora após o início da sessão, um celular com o toque do hino do Flamengo tocou, interrompendo a fala do promotor de Justiça Luciano Lessa dos Santos. A juíza chamou a atenção do proprietário do aparelho, que desculpou-se. Três minutos depois, um outro celular tocou, e a juíza levantou-se e interrompeu o promotor, ameaçando apreender o próximo aparelho que tocasse. "Vocês não estão na casa do pai nem da mãe de vocês, estão na casa da Justiça. Isso é um desrespeito. Se tocar de novo, vou mandar esses policiais [federais, que acompanhavam Beira-Mar] apreenderem, disse. O próximo celular a tocar, contudo, foi justamente o de um dos policiais, que saiu apressado da sala, sob o olhar da juíza, que nada falou.
Por várias vezes durante a sessão Beira-Mar riu e gesticulou para conhecidos que assistiam ao julgamento. Fez um gesto circular em volta da barriga apontando para dois amigos. "Ele disse que a gente engordou, contou um deles, que não quis se identificar.
Em duas ocasiões, o traficante pediu para se retirar do julgamento. Na segunda delas, em que ficou fora por mais de 40 minutos, foi almoçar, segundo os policiais federais que o acompanhavam.
O promotor Santos e o advogado de Beira-Mar, Francisco Santana, protagonizaram discussões que arrancaram risos no plenário, inclusive da juíza e do traficante julgado. Durante a fala do advogado, que tentava convencer o júri que as provas do processo eram levianas, o promotor interrompeu, contestando a tese de Santana. Após uma discussão, o advogado disse que Santos "não sabe o que quer e virou de costas. Com ironia, Santos disse: "magoei, e saiu da sala, sob gargalhadas do plenário.
Um homem que assistia a sessão disse, em voz alta, que a situação não era engraçada, e a juíza, irritada com a interrupção, exigiu que ele fosse retirado do plenário. "O riso te incomoda?, indagou a juíza. Beira-Mar deixou o prédio do Tribunal de Justiça do Rio, no centro, logo após o julgamento, acompanhado de cerca de 20 policiais federais.
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