Atualizado em 21/07/06 às 18h41

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O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, está sendo examinado por uma comissão técnica da penitenciária federal de segurança máxima em Catanduvas, região Oeste do Paraná, desde a terça-feira (18) - dia em que chegou à unidade. A comissão é composta por médicos, psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais.

A mesma avaliação será feita em todos os presos que forem transferidos para a penitenciária. De acordo com o Departamento Nacional de Penitenciária (Depen) esta avaliação é feita para classificar o detento e desta maneira definir as regras que serão adotadas na rotina dele.

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O resultado desta avaliação, por exemplo, define se o preso poderá ter visitas íntimas, quantas horas de banho de sol, os livros que poderão ser lidos pelos presos (normalmente só didáticos), entre outras regras.

Nestes primeiros dias de estada em Catanduvas, Beira-Mar tem tido duas horas de banho de sol. Vestido com um uniforme azul, o traficante, segundo o Depen, fica andando no pátio durante esse tempo. Diariamente Beira-Mar faz três refeições, todas elas dentro da cela de sete metros que ocupa. (saiba mais detalhes do que é cela comum e de como será o esquema de segurança dentro da penitenciária). A refeição não é feita dentro da unidade, e sim por uma empresa terceirizada.

Além da avaliação médica, toda a situação jurídica e social de Beira-Mar está sendo levantada. Ainda de acordo com o Depen, o comportamento do traficante em outros presídios pode, por exemplo, provocar restrições na penitenciária de Catanduvas.

Celular, o motivo

Um telefone celular infiltrado por agentes da Polícia Federal (PF) teria sido o responsável pela transferência de Beira-Mar para a penitenciária de Catanduvas. É o que mostra uma reportagem publicada nesta sexta-feira (21) pelo site da Folha de São Paulo Online.

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De acordo com o jornalista Iuri Dantas, o condenado acompanhava uma entrega de um caminhão carregado de drogas na favela Beira-Mar, em Duque de Caxias. De posse de um celular grampeado, ele ordenava todo o processo uma semana antes de ser transferido para o Paraná.

As informações colhidas pelo Ministério da Justiça apontaram que Beira-Mar ainda era um preso problemático, o que teria levado a Justiça Federal de Curitiba a autorizar a transferência do traficante para Catanduvas.

O Ministério da Justiça espera, segundo o jornal "O Globo", que ainda este mês outros presos sejam transferidos para Catanduvas, pondo fim à estada solitária de Fernandinho Beira-Mar no prédio. Não está descartada a ida de chefes da facção criminosa que fez atentados em São Paulo. Cinco estados - Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Espírito Santo e Pernambuco - já pediram ao governo federal a transferência de presos para a nova prisão no Paraná.

Operação

Recentemente, a polícia desconfiou do comportamento do traficante e, para aprofundar as investigações, decidiu destacar um policial para dividir a cela com Beira-Mar. O policial foi preso como se fosse um bandido comum e, para facilitar a apuração sem chamar a atenção, levou um celular para a cadeia. Em pouco tempo, o telefone caiu nas mãos de Beira-Mar. Segundo a polícia, foi fácil registrar as conversas do traficante com os remanescentes da quadrilha que ainda estão soltos.

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A Polícia Federal em Brasília e a Superintendência do Distrito Federal informaram, por meio de suas assessorias, que não irão se pronunciar sobre o caso. A PF disse apenas que, quando necessário é comum esse tipo de ação.

Com base nas escutas, a PF apreendeu um caminhão com 230 quilos de cocaína na Via Dutra terça-feira da semana passada. A droga estava sendo levada para a favela Beira-Mar, em Caxias, reduto do traficante e que lhe serve de apelido.

No caminhão foram encontrados ainda 30 quilos de crack e seis quilos de haxixe. Foi a maior apreensão de cocaína no Rio de Janeiro este ano. A droga estava escondida num fundo falso da carroceria do caminhão. Segundo a polícia, a droga foi comprada na Colômbia, passou pelo Paraguai e estava sendo levada para a favela Beira-Mar, no Rio. Só a cocaína, de alto grau de pureza, está avaliada em US$ 3 milhões.

O motorista do caminhão, Jorge Luiz Perez, de 49 anos, disse a polícia que receberia R$ 5 mil para levar o carregamento de drogas de Foz do Iguaçu até o Rio. Pelo plano da quadrilha, um dos cúmplices de Beira-Mar faria contato com Perez logo depois que o motorista entrasse no estado.

Atuação externa

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Beira-Mar está na cadeia desde 2001, quando foi preso numa região controlada pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), na Colômbia. Esta não é a primeira vez que a PF descobre indícios da atuação do traficante com comparsas que estão fora da cadeia.

Em outubro do ano passado, o traficante foi transferido às pressas para Florianópolis depois que a PF descobriu um suposto plano de fuga. Segundo a polícia, o plano estava sendo preparado com a ajuda de uma advogada. Ela teria sido flagrada fazendo um levantamento do terreno e do prédio da Superintendência da PF, no Setor Policial Sul, onde Beira-Mar estava preso.

Veja também
  • Fernandinho Beira-Mar é o preso 001 da penitenciária de Catanduvas