Atualizado em 28/11/2006, às 15h02
O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, prestou, nesta terça-feira (28), seu primeiro depoimento desde que chegou à penitenciária federal de segurança máxima de Catanduvas, no Oeste do Paraná.
Por segurança, o juiz da Comarca de Catanduvas, Murilo Gasparini Moreno, foi até o presídio. Outra medida de segurança foi a gravação de toda a audiência, que será encaminhada para Campo Grande, onde ocorre o processo referente à lavagem de dinheiro e tráfico de drogas contra o preso.
O traficante foi transferido de Brasília para Catanduvas, no dia 19 de julho deste ano. O esquema de segurança será feito pelos agentes penitenciários do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e por policiais federais.
Quem é Fernandinho Beira-Mar
Luiz Fernando da Costa, mais conhecido como Fernandinho Beira-Mar, é o preso 001 da recém-inaugurada Penitenciária Federal de Catanduvas, na região Oeste do Paraná. Ele já foi condenado duas vezes pela Justiça. Uma das condenações determinou que ele deveria cumprir 11 anos de prisão por tráfico de drogas, e outra de 21 anos por tráfico e formação de quadrilha. Beira-Mar também é acusado de lavagem de dinheiro, contrabando e associação para o tráfico internacional de drogas.
Nascido na favela Beira-Mar, no município de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, Beira-Mar começou no crime ainda menino, com pequenos furtos, mas logo assumiu a condição de assaltante.
Aos 20 anos, Fernandinho Beira-Mar já trabalhava para traficantes como "vapor", espécie de entregador de drogas. Mais tarde, passou a controlar a favela onde nasceu, em pouco tempo, se transformou num dos maiores vendedores de drogas do Brasil, fazendo parte da facção criminosa Comando Vermelho.
O auge de sua carreira criminosa ocorreu entre 1990 e 1995, quando abriu canais próprios de distribuição de drogas e conquistou morros como Borel, Rocinha, Chapéu Mangueira e a Favela do Vidigal. Em junho de 1996, Beira-Mar foi preso em Minas Gerais com quatro quilos de cocaína. Em março de 1997, já condenado por tráfico e formação de quadrilha, fugiu da cadeia, estabelecendo-se no Paraguai. A notoriedade do bandido, já então considerado o inimigo público número 1 da polícia do estado do Rio de Janeiro, aumentou quando investigações da CPI do Narcotráfico confirmaram sua importância para o esquema de venda de drogas no país.
Extorsão
Em março do ano 2000, num depoimento por telefone à CPI, ele acusou policiais do Rio de Janeiro de extorsão. Segundo um levantamento feito na ocasião, a quadrilha do traficante mais procurado do país movimentara R$ 16,5 milhões entre 1995 e 1998. Em abril do ano 2000, Beira-Mar fugiu para a Colômbia. Ele foi acusado de se ligar aos guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), aos quais venderia armas em troca de cocaína. A droga viria não só para o Brasil, mas também seria levada à Europa e aos Estados Unidos.
No mesmo ano, foi divulgada a gravação de um telefonema, de agosto de 1999, em que o traficante comanda uma sessão de tortura de cerca de uma hora antes de ordenar a execução, a tiros, do estagiário de informática Michel Anderson Nascimento dos Santos. Michel teria tido um romance com uma ex-namorada de Beira-Mar, Joelma Carlos de Oliveira, que desapareceu. O estagiário teria sido esquartejado vivo e seu corpo também desapareceu.
No dia 21 de abril de 2001, o Exército da Colômbia, em atuação conjunta com agentes norte-americanos, prendeu Beira-Mar. O bandido foi transferido para o Brasil e levado para Brasília, onde ficou preso na carceragem da Polícia Federal. Em 2002, Beira-Mar foi transferido para o Rio, em uma decisão que causou uma crise entre autoridades federais e estaduais.
Dentro de Bangu I
No Rio de Janeiro, o traficante comandou seus negócios de tráfico de dentro de uma cela de Bangu I. Em uma dessas ligações, chegou a negociar com um bandido a compra de um míssil Stinger, capaz de derrubar aviões e helicópteros. A arma, que iria para o Rio de Janeiro, foi negociada supostamente com os mesmos fornecedores da Al-Qaeda, organização de Bin Laden - o terrorista mais procurado do mundo.
Em 2003, Beira-Mar foi transferido para a unidade de Presidente Bernardes, em São Paulo, onde cumpriu Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). A Justiça determinou que ele fosse retirado do RDD por ter ficado lá acima do máximo permitido em lei, que é 360 dias. Depois de lá, Beira-Mar passou pela sede da PF de Maceió, Florianópolis e Brasília.
Veja como foi o esquema de segurança na reportagem em vídeo do Paraná TV
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