Centenas de veículos, alguns de luxo e importados, com valores de até R$ 300 mil, apodrecem ao ar livre em um depósito da Polícia Civil, na zona norte de Londrina. Apreendidos por causa de crimes diversos, são o símbolo do desperdício e compõem uma conta que, embora assumida pela polícia, pertence à Justiça de Londrina.
Expostos à ação do tempo, empilhados dentro de um barracão cuja parte do teto ruiu, estão 1,8 mil carros, 3 mil motocicletas e pelo menos quatro caminhões , além de uma Kombi nova. Há também outros materiais, como roupas e materiais hospitalares.
Às voltas com a permanente superlotação de presos nas carceragens dos distritos, a Polícia Civil também já não tem mais espaço para guardar os veículos apreendidos. Por isso, aqueles que são coletados atualmente são deixados, com frequência, no canteiro da Avenida Leste-Oeste, em frente à sede da 10.ª Subdivisão, até que um barracão alugado por R$ 15 mil no Jardim Maria Lúcia seja aberto.
"Além de vigiar presos na delegacia, nos tornamos cuidadores de carros e de sucata da Justiça", lamenta Márcio Amaro, delegado-chefe da Polícia Civil. O local já foi alvo de tentativas de assalto e é visitado a cada 15 dias por equipes da Vigilância Epidemiológica para evitar o surgimento de focos de dengue. "Desde 2010, a recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é de que os bens apreendidos em processos criminais, antes mesmo que terminem, sejam leiloados e vendidos para evitar a deterioração e conservar o valor", diz Amaro.
Diretor do Fórum, o juiz Mauro Ticianelli reconhece o caos na gestão dos bens apreendidos e se diz incomodado com isso. "Seria o caso de um mutirão de juízes para identificar cada situação processual e dar um destino adequado aos bens. No entanto, diante de tanto trabalho nas varas, certamente não é uma prioridade", avalia, lembrando que o Tribunal de Justiça deveria ajudar a viabilizar um mutirão.
No TJ, o juiz auxiliar da Corregedoria, Guilherme Frederico Hernandes Denz, só falará sobre o tema na segunda-feira.
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