Brasília A Polícia Federal vai ouvir amanhã, em São Paulo, o ex-presidente do PT, Ricardo Berzoini, e o empresário Abel Pereira, sobre a compra de um dossiê pelo PT contra políticos tucanos.
Berzoini é suspeito de ter conhecimento da compra do material por membros do partido. Já Abel Pereira é ligado ao ex-ministro da Saúde e atual prefeito de Piracicaba, Barjas Negri (PSDB).
O empresário tem negócios em Piracicaba e, segundo os Vedoin disseram em entrevista à revista "IstoÉ", na ocasião em que Negri foi ministro da Saúde, Pereira atuava como intermediário para liberação de emendas de interesse da máfia dos sanguessugas, que desviava dinheiro público destinado a compras de ambulância.
Ontem, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), membro da CPI dos Sanguessugas, disse que a PF identificou que as negociações para a compra do dossiê tiveram início três meses antes de estourar o escândalo, no dia 15 de setembro, quando foram presos Valdebran Padilha e Gedimar Passos com o dinheiro que seria utilizado para a compra do material.
Segundo o deputado, as investigações da Polícia Federal sobre o dossiê antitucano apontam indícios de que Berzoini, então presidente do PT, tinha conhecimento da compra do material por membros do partido.
"O Diógenes (Curado, delegado da PF responsável pelas investigações da compra do dossiê) sabe que é muito difícil como presidente do partido e coordenador da campanha que o Berzoini não soubesse da operação, afirmou.
O deputado disse, no entanto, que o delegado ainda não tem provas de que Berzoini tenha sido o mandante da compra do dossiê como afirma reportagem publicada ontem pelos jornais "Correio Braziliense e "Estado de Minas". "O delegado disse que era uma ação premeditada, mas não deixou claro esse grau de envolvimento do Berzoini. Por isso quer ouvi-lo, disse.
Em Brasília, Berzoini divulgou nota oficial para rebater as acusações de que seria o responsável pela compra do dossiê contra candidatos do PSDB. "As manchetes são absolutamente inverídicas, não guardando relação sequer com o conteúdo das próprias reportagens publicadas internamente", disse Berzoini na nota.
O deputado afirma que a CPI dos Sanguessugas e a Polícia Federal "em nenhum momento exararam as conclusões que as manchetes e as reportagens tentam informar".
Berzoini afirma que vai processar os jornais pelas reportagens "diante da violência e da irresponsabilidade de tais publicações".
O deputado enfatiza na nota que jamais incentivou, determinou ou concordou com "nenhuma forma de ilegalidade ou irregularidade" nos assuntos de sua responsabilidade enquanto esteve na presidência do PT.