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Cultura

Biblioteca comunitária é modelo para outras ações

Biblioteca da Vila Torres conta hoje com 6 mil livros e 2 mil usuários | Marcelo Elias/ Gazeta do Povo
Biblioteca da Vila Torres conta hoje com 6 mil livros e 2 mil usuários (Foto: Marcelo Elias/ Gazeta do Povo)

A biblioteca comunitária da Vila Torres, em Curitiba, chega aos dois anos de existência com a intenção de sair porta afora. Não apenas pelo fato de as prateleiras estarem apertadas para os 6 mil livros – a maioria salvada do lixo –, mas também porque a ideia de um projeto cultural criado e mantido pelos próprios moradores dá sinais de que pode ser replicada em outros bairros e comunidades pobres de Curitiba.Com 2 mil frequentadores cadastrados, a biblioteca se tornou motivador para outras iniciativas comunitárias. Os mantenedores de espaço de leitura pensam agora em criar um cinema ao ar livre. Assim como havia na Vila Torres várias pessoas que jamais presenciaram milhares de livros reunidos em um mesmo lugar, há outros tantos que ainda não desfrutaram da experiência de ver um filme em tela grande.

Também existem planos para criar o Dia da Cultura – uma virada cultural interna, com apresentações de talentos surgidos na comunidade. "Tem dupla caipira, rappers, cantora gospel", cita Carlos Roberto Teles, o popular palhaço-sombra da Rua XV de Novembro, um dos criadores da biblioteca.

Reunidos, os projetos formarão a "quadra cultural", uma versão classe D do Batel Soho. Para administrar essas ações, está sendo criada a ONG Associação Jovem Cidadão de Mãos Dadas com Você, que vai possibilitar a oficialização de parcerias e congregar outras organizações do bairro, como o clube de mães e a associação de moradores.

Primeiro exemplar

Teles, conhecido na comunidade pelo seu nome artístico, Chameguinho, tornou-se também consultor voluntário para a implantação de outras bibliotecas comunitárias. São seis, em diferentes estágios de desenvolvimento. Semiletrado, Teles ainda hoje recorda do momento em que impediu que a obra Nossas Bandeiras fosse debulhada por um carrinheiro interessado em vendê-lo como papel.

Hoje o livro é uma espécie de moedinha número 1 da biblioteca de 40 m² instalada em um antigo depósito alugado. Fica com a capa voltada para a frente, embaixo de um troféu. "Aqui pode entrar com pé descalço, roupa suja. A biblioteca é deles", defende, lembrando dos tempos em que, menino de rua, teve a entrada impedida em bibliotecas justamente por causa da aparência.

O projeto sobrevive graças à união de dezenas de colaboradores, que ajudam a custear o gasto mensal de R$ 1,8 mil com a manutenção do espaço, preparam lanche e ajudam na coleta de doações.

Livros seguem indo para o lixo, mas em quantidade menor. Além das obras resgatadas, ajudam a enriquecer o espaço as doações de móveis e, principalmente, computadores. Atualmente, existem duas máquinas usadas para o controle do acervo. A expectativa de Chameguinho é que novas doações possibilitem montar uma mini lan-house, para que as crianças possam também acessar a internet.

Com a caderneta cheia de projetos, o palhaço ficou particularmente feliz ao ter que arquivar um deles. O carrinho-biblioteca, bolado para levar alguns volumes até a outra metade de um bairro dividido pela guerra entre gangues, não é mais necessário desde que um armistício possibilitou que leitores da outra metade do bairro pudessem ir à biblioteca.

Serviço:

Interessados em fazer doações para a biblioteca podem entrar em contato pelos telefones (41) 3262-0219 ou 9924-7332.

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