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O preço da passagem dos ônibus urbanos está alterando o perfil da população que pedala por Curitiba e região metropolitana. As bicicletas deixaram de ser apenas um objeto de lazer e se transformaram em uma alternativa mais barata de transporte. Um levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) mostra que, nos dias úteis, 71,1% dos que trafegam pela rede de ciclovias da cidade a utilizam como via de acesso ao trabalho. Nos fins de semana, a utilização é predominantemente para lazer (79,6%).

"O que eu economizo de ônibus faz muita diferença no orçamento no final do mês", diz a auxiliar de produção Iria Strujak, de 45 anos, que anda cerca de dez quilômetros todos os dias de bicicleta para ir trabalhar. Ela diz que, além da economia do dinheiro da passagem, o exercício de pedalar melhora a sua qualidade de vida. "Sinto falta quando não vou trabalhar de bicicleta, porque me acostumei e gosto do exercício", revela.

Carlito Antônio de Oliveira, de 55 anos, que trabalha na área de manutenção de uma grande empresa na Cidade Industrial, trocou o transporte coletivo pela bicicleta há mais de 20 anos. Ele vai todos os dias, religiosamente, faça chuva ou faça sol, trabalhar pedalando. Carlito mora perto do trabalho, cerca de dois quilômetros, e não compensa ir de ônibus. Como não há uma linha direta entre sua casa e a fábrica, ele teria que pegar dois ônibus para chegar no local. "Pedalando, demoro só seis minutos para chegar", diz. Quando chove, Oliveira usa um macacão impermeável, igual aos dos motociclistas.

"As pessoas estão começando a ver a bicicleta com outros olhos", analisa do diretor-executivo da Associação Brasileira de Fabricantes de Motocicletas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), Moacyr Alberto Paes. Segundo ele, pessoas que trabalham a menos de cinco quilômetros de suas casas, em percursos planos, estão despertando para a comodidade e economia da bicicleta. Segundo Paes, estima-se que cerca de 350 mil pessoas utilizam bibicletas como meio de transporte na cidade de São Paulo.

O gerente da loja Bicicletas Portella, Marcos Portella, percebeu essa mudança de perfil nas vendas. "Na periferia de Curitiba e nas cidades da região metropolitana vendemos equipamentos mais baratos e eles são utilizados mais como meio de transporte. Já nas lojas do Centro, o forte são as bikes para lazer e competição, bem mais caras", diz. Apesar de comprarem bicicletas mais baratas, os que as utilizam para ir trabalhar investem mais em acessórios e em manutenção, diz Portella. Conhecem muito bem o equipamento e cuidam mais dele."

A Abraciclo prevê que sejam vendidas este ano cerca de 5,2 milhões de bicicletas no país, um aumento de 4% em relação ao ano passado. Nos últimos dez anos, o mercado de duas rodas sofreu uma queda e agora está se recuperando. O motivo, segundo Paes, é o preço dos produtos. Em 1990, uma bicicleta para transporte custava cerca de US$ 290. Cinco anos depois, esse custo baixou para US$ 190. As bicicletas para lazer e competição tiveram uma queda ainda maior. Passaram de US$ 700 para US$ 230, entre 1990 e 1995. "Os clientes acabaram comprando um produto melhor para poder se locomover", analisa Paes.

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