A prefeitura de Curitiba desistiu, pelo menos por enquanto, de implantar o binário (ruas paralelas com sentidos opostos) formado pela Avenida Batel/Bispo Dom José e pela Hermes Fontes/Dom Pedro II, no Batel. O prefeito Beto Richa disse, durante sabatina promovida na semana passada pela Gazeta do Povo, que a Alameda Dom Pedro II não seria aberta na altura em que é interrompida pelo Condomínio Springfield, entre a Francisco Rocha e a Teixeira Coelho, o que inviabilizaria o projeto. A constatação de que o terreno não é da prefeitura seria o motivo alegado para que o projeto fosse colocado na geladeira. Segundo o prefeito, ainda, a intervenção não resolveria o problema da região, pois só jogaria o tráfego para a Francisco Rocha.
Em entrevista concedida em março à Gazeta, porém, o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Augusto Canto Neto, disse que a obra melhoria o tráfego na região e consolidaria uma ligação entre o Batel e o Seminário.
Segundo Canto Neto, ainda não havia projeto físico da obra, mas um planejamento e um entendimento sobre a necessidade da mudança. A idéia, contudo, é que um consenso fosse buscado com os moradores antes da implementação da obra.
Ontem, Canto Neto afirmou que o projeto não foi abandonado. "O que acontece é que há outras prioridades no momento (na região), com a implantação do binário Costa Carvalho com a Euclides da Cunha", argumenta. "Neste momento, a área do Springfield não será desapropriada. Nem recursos reservados para isso há."
O presidente do Ippuc não descarta, porém, retirar o projeto da geladeira, no futuro. "A diretriz de arruamento que passa pelo Springfield não foi revogada", avisa. "Se a Batel for transformada em [via de] sentido único, possivelmente a Hermes Fontes fará o sentido oposto e teremos de voltar a conversar sobre o assunto. Pode ser na próxima gestão ou até na outra, quem sabe."
A idéia inicial era que a Avenida do Batel e a Bispo Dom José funcionassem em mão de direção única, no sentido saída da cidade. O sentido inverso seria feito, então, pela Hermes Fontes e a Dom Pedro II, entre a Major Heitor Guimarães e a Desembargador Motta. O problema é que a Hermes Fontes e a Dom Pedro II são entrecortadas em três pontos.
O primeiro seria em um vale nos fundos de uma igreja, próximo ao cruzamento com a Rua Gerônimo Durski. O segundo é no Bosque do Gomm, entre a Desembargador Costa Carvalho e Francisco Rocha. O terceiro é o Condomínio Springfield, que interrompe a Dom Pedro II, entre a Francisco Rocha e a Teixeira Coelho.
No primeiro caso, a solução viria por um nivelamento do vale com uma contenção. No segundo ponto de interrupção, a idéia era contornar o bosque. No terceiro ponto, a área em que há uma diretriz de arruamento teria de ser desapropriada.
Abertura seria última opção
A construção do binário deve ser usado como última alternativa na opinião do arquiteto Clóvis Ultramari, professor de mestrado em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). "Com o binário, perde-se área de estacionamento, segurança e efeito comunitário", afirma. Segundo ele, este tipo de intervenção só se justifica quando a via já tem perfil comercial, o que não é o caso de maior parte dos trechos da Hermes Fontes e Dom Pedro II.
"Tem de se evitar ao máximo este tipo de intervenção que privilegia o transporte individual, pois geralmente elas têm tempo de vida curto", explica. Para Ultramari, a saída é investir em medidas que privilegiem a cidade como um todo, principalmente em transporte público, adiando-se medidas radicais, como: rodízios de carros ou cobrança de pedágio no centro da cidade.
Já para o coordenador do curso de Educação e Gestão de Trânsito e Transporte da PUCPR, Carlos Hardt, se não houvesse as dificuldades legais para a implantação do binário, a obra seria importante para a fluidez do trânsito da região, por mais que pudesse haver dificuldade de escoamento na Francisco Rocha, por exemplo.
Hardt sugere outras medidas para compensar a não implementação do binário. "Um conjunto de intervenções pode melhorar as condições físicas e de escoamento: eliminação de estacionamento, instalação de equipamentos técnicos mais avançados para a semaforização, criação de alternativas de deslocamento fora daquele eixo, entre outros", exemplifica.
A Associação de Condomínios do Batel (AC-Batel) defende a revitalização da Avenida do Batel e Benjamin Lins, transformando-as em boulevard. "Não existe um gargalo e não pedimos alteração viária", diz o presidente da AC-Batel, Paulo Nascimento. "Com os novos empreendimentos podem ser necessárias mudanças, mas sabemos que a prefeitura está fazendo estudos."
Para o síndico do Condomínio Springfield, Jackson Pires, o binário é desnecessário e não resolveria o problema de trânsito do bairro. "O problema seria resolvido se deixassem de construir um shopping na região", alega. "O binário que eles querem fazer poderia ser feito com a Visconde de Guarapuava."
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