Maringá vê no sistema chance de desafogar o trânsito, que estava quase no limite| Foto: Fabio Dias / Gazeta do Povo

Capital

Mais duas vias entrarão no sistema nas próximas semanas

Curitiba receberá mais um binário nas próximas semanas, que será instalado nas ruas Gastão Câmara e Jerônimo Durski, vias que estão passando por pavimentação. O novo sistema viário pretende desafogar as avenidas Martim Afonso e Padre Agostinho, melhorando o fluxo de veículos – em especial do transporte coletivo – na região do Bigorrilho.

Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, estão sendo investidos cerca de R$ 3,2 milhões no novo binário, que vai ser ligado aos já criados nas ruas Júlia da Costa/Princesa Izabel e Euclides da Cunha/Desembargador Costa de Carvalho. Esses binários interligam os bairros Água Verde, Bigorrilho e Campina do Siqueira. Uma das melhorias previstas com as modificações é a abertura do cruzamento da Gastão Câmara com a Padre Anchieta, dando acesso ao motoristas até a Avenida Padre Agostinho.

A capital foi pioneira na implantação de binários viários no estado, tanto é que o sistema já estava previsto desde a década de 1960 pelo Plano Diretor de Curitiba. Os primeiros binários foram criados em 1972, por meio de financiamento do Banco Mundial a fundo perdido.

De acordo com o engenheiro do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) José Álvaro Twardowski, o município já conta com mais de 50 binários, desde os pequenos (com cerca de três quadras) até trajetos com quilômetros de extensão. "Os binários promoveram a melhor distribuição do trânsito da cidade. Esse sistema estrutura o sistema viário da região, melhorando a fluidez do trânsito, eliminando conversões conflitantes à esquerda e aumentando a segurança dos pedestres."

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Modelo não serve para todas as cidades

Apesar de todos os anunciados benefícios, o sistema binário é visto com ressalvas por especialistas da área de trânsito que defendem a realização de estudos aprofundados antes de os municípios anunciarem mudanças nos sentidos de ruas e avenidas.

"A transformação de uma via comum em mão única é necessária quando o tráfego aumenta e atinge sua capacidade. Agora, algumas cidades têm o binário só por uma questão de ‘simpatia’, pois não precisam. Isso prejudica o usuário, que terá menos vagas para estacionar e também precisará se deslocar mais, aumentando o seu consumo", avaliou Pedro Akieshino, professor de Engenharia de Tráfego da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Para o coordenador do curso de arquitetura e urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Carlos Hardt, cada cidade precisa avaliar seus objetivos. "Qualquer solução viária envolve também o ponto de vista qualitativo. Implantar um binário em uma área residencial e que não tem um volume de veículos tão grande pode ser inadequado. A mobilidade daquele conjunto de bairros pode ser prejudicada."

Hardt lembra que os binários geralmente melhoram a capacidade de fluxo, aumentando a quantidade de carros que passam pelas vias dentro de um menor espaço de tempo. No entanto, ele ressalta que os impactos precisam ser discutidos. "Não existe solução mágica para tudo. Tem de fazer uma avaliação integrada dos efeitos. As cidades precisam pensar no sentido geral." (MA)

O diretor de trânsito de Paranavaí, Edmilson Santos: modelo preventivo

Criado para "desafogar" o trânsito nas vias dos grandes centros urbanos, o sistema binário vem sendo cada vez mais utilizado em municípios de médio porte do interior do Paraná e na região metropolitana de Curitiba. É o caso de Maringá, cidade que tem uma das maiores frotas do estado, com 244,1 mil veículos para 357 mil habitantes. Diante dos constantes congestionamentos na região central da cidade, a prefeitura resolveu adotar o modelo viário em janeiro do ano passado.

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Desde então, quatro das principais avenidas da região central passaram a operar em mão única, duas fazendo o sentido norte-sul (São Paulo e Duque de Caxias) e outras duas com rota inversa (Paraná e Herval). Para colocar o sistema em operação, algumas ruas de áreas residenciais (como as Zonas 2 e 7) também passaram a ter mão única.

"Foram mudanças necessárias. Estávamos chegando ao limite e precisávamos de fluidez", explicou Walter Guerlles, secretário dos Transportes na época da implantação do binário. Segundo ele, mesmo com os transtornos envolvendo as obras de adequação, o projeto foi bem recebido por motoristas e pedestres. "Uma pesquisa mostrou que o binário teve uma aprovação de 90%", revelou.

De acordo com o diretor de engenharia de tráfego da Secretaria dos Transportes (Setran), Gilberto Purpur, além de aumentar o fluxo das vias, a mudança possibilitou a conversão à esquerda em algumas vias, além da sincronização dos semáforos, que foi batizada de "onda verde" pela prefeitura. "Antes, os motoristas levavam cerca de 25 minutos para se deslocar entre as avenidas Tiradentes e Colombo [distantes cerca de dois quilômetros uma da outra], percurso que hoje é feito em cinco minutos", explicou Purpur.

Meses após a criação dos binários, alguns trechos foram novamente reformulados e voltaram a contar com mão dupla. Para o atual secretário dos Transportes, Valdir Pignata, isso não pode ser considerado um erro de planejamento, e sim uma readequação. "Foram questões pontuais para desafogar o trânsito em algumas vias paralelas aos binários e incentivar a utilização de caminhos que estavam ociosos."

Paranavaí

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Outra cidade que passou a utilizar o sistema binário foi Paranavaí, na Região Noroeste. Dados do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) mostram que o município conta com 47 mil veículos, um número relativamente baixo se comparado a outros centros urbanos. Segundo o secretário de Desenvolvimento Urbano, Moacir Maciel, a medida foi adotada para evitar problemas futuros.

"Um estudo preliminar constatou que algumas ruas do Centro entrariam em colapso dentro de cinco anos. Diante da perspectiva de crescimento do município, decidimos instalar o binário", diz. O sistema teve início em maio deste ano e ainda está em fase de implantação. Nesta primeira etapa, 12 ruas e avenidas ganharam mão única, adequações que custaram cerca de R$ 350 mil. A próxima etapa deve começar no próximo mês.

Arapongas

Em Arapongas, Norte do Paraná, o sistema binário já foi implantado em cerca de dez vias do Centro. Com pouco mais de 100 mil habitantes, a cidade tem aproximadamente 60 mil carros registrados e um desenvolvimento acelerado, por ser um dos maiores polos moveleiros do país. "Tivemos bons resultados no trânsito da cidade, diminuindo os conflitos de veículos nos pontos mais críticos", conta o diretor de trânsito da Secretaria Municipal de Segurança e Trânsito (Sestran), major Sérgio Dalbem.

No entanto, o crescimento da cidade exige mudanças constantes, segundo ele. "O trânsito é muito dinâmico. Quando a gente mexe em um cruzamento, os problemas se transferem para outro ponto e então é preciso fazer novas mudanças", explica.

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Araucária

Em Araucária, na região metropolitana de Curitiba, o binário viário deve ser adotado dentro de dois meses na Rua Miguel Bertolino Pizzatto e na Avenida Archelau de Almeida Torres. De acordo com o secretário de Urbanismo, Mario Torres, a medida é uma resposta ao crescimento da frota. Entre 2009 e 2010, a cidade teve um crescimento de 12,6% na quantidade de veículos (passando de 49,8 mil para 56,1 mil unidades), maior índice do estado.

"Esta foi uma forma encontrada para minimizar o impacto dessa elevação. Pretendemos colocar o binário em outras vias, mas primeiro vamos analisar as mudanças que serão geradas." Para a instalação do binário, a prefeitura está investindo cerca de R$ 1,7 milhão na revitalização de vias.

Colaborou Juliana Gonçalves, da sucursal em Londrina