O arcebispo metropolitano de Curitiba, Dom José Antonio Peruzzo, anunciou no sábado (11), em Paranaguá, durante velório do bispo D. João, que, enquanto o Vaticano não nomear um novo bispo, o administrador diocesano será o bispo de São José dos Pinhais, Dom Francisco Carlos Bach.
Com a escolha, Dom Francisco se torna um “bispo interino, embora não se use esse termo na igreja”, explicou o secretário executivo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em Curitiba, padre Mário Spaki.
Paranaguá não é a única diocese do estado denominada “diocese vacante”, ou seja, sem bispo. União da Vitória já completou um ano sem o líder religioso e a diocese de Palmas e Francisco Beltrão está desde janeiro, quando Dom Peruzzo foi transferido para Curitiba, sem a figura do pastor diocesano. Tanto em União da Vitória como em Palmas e Francisco Beltrão, os administradores diocesanos escolhidos foram os padres José Levi Godoy e Geraldo Macagnam, respectivamente.
O processo de escolha dos novos bispos não tem um tempo padrão, pode acontecer em poucos meses ou demorar mais de um ano. Segundo padre Mário, apenas o papa Francisco pode nomear os novos bispos, mas antes são feitas pesquisas para que os nomes indicados tenham características que se adaptem aos perfis das dioceses.
Eleição
A eleição dos novos bispos obedece a seguinte ordem:
1- Os bispos do Paraná indicam nomes de padres que têm experiência e correspondem às características das dioceses vacantes.
2- Os nomes são enviados para a Nunciatura Apostólica – como uma embaixada do Vaticano no Brasil, que fica situada em Brasília, e um representante do papa Francisco acompanha tanto as relações diplomáticas quanto administrativas da Igreja – que recebe outras indicações de todo o país e determina a chamada “Lista Tríplice”, com três nomes que se destacam entre todos os sugeridos.
3- A Nunciatura Apostólica envia questionários, em segredo pontifício – como um segredo de confissão – para pessoas próximas aos três “finalistas”, que tenham convívio diário com eles. São mais de 30 perguntas que definem traços de personalidade e características gerais dos escolhidos.
4- As informações são repassadas para o Vaticano, onde o papa Francisco reza pela escolha e “em seu discernimento, indica o nome do novo bispo”, explica o padre Mário.
Ao fim do processo, o padre escolhido para o episcopado é comunicado e anuncia se aceita ou não o cargo. “Raramente a decisão é negativa, apenas em casos de saúde fragilizada ou algum outro problema grave o padre não aceita”, afirma Spaki. Se a decisão for afirmativa, demora cerca de um mês para que o nome seja divulgado para as dioceses. Se negativa, o processo de escolha recomeça.
Em alguns casos, há apenas a transferência do bispo de uma diocese para outra, como aconteceu com Dom Peruzzo em janeiro, quando foi transferido de Palmas e Francisco Beltrão para Curitiba, sempre de acordo com as características do novo líder e da Igreja católica na região.
Um caso à parte
A diocese de Paranaguá vive um caso peculiar. Até dezembro de 2014 havia dois bispos: Dom Alfredo Novak, bispo emérito desde 2006, já afastado e morto naquele mês, e Dom João, há nove anos no cargo. A relação de carinho entre os fieis e os dois bispos era notória, por isso, a população católica está se sentindo “órfã”. Afinal, em quatro meses, enterrou seus dois pastores. Diante disso, a Nunciatura Apostólica não esperou que o Colégio de Consultores, composto por sete padres da diocese, escolhesse um administrador diocesano, mas indicou que o bispo de uma região próxima, São José dos Pinhais, fique responsável pela localidade até que o processo de eleição do novo bispo seja concluído.
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