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A perseguição aos católicos na Nicarágua e a prisão do bispo Rolando Álvarez, na última sexta-feira (19), aumentaram ainda mais a preocupação de líderes da Igreja pelo mundo e, especialmente, entre os cristãos brasileiros.
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Apesar de se manifestar em poucas linhas em uma carta e não conseguir atender a solicitação da Gazeta do Povo, devido ao compromisso dos bispos com a Assembleia Geral, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) mostrou preocupação com os últimos acontecimentos à Igreja Católica em Nicarágua.
"Nós, bispos do Brasil, acompanhamos com tristeza e preocupação os acontecimentos que têm marcado a vida da Igreja na Nicarágua. Sentimo-nos profundamente unidos aos irmãos bispos e a todo o povo nicaraguense. Clamamos ao Bom Deus para que a paz e a justiça sejam alcançadas", escreveu a CNBB, em uma carta encaminhada à Conferência Episcopal de Nicarágua, no dia 15 de agosto.
Em quatro anos, os católicos da Nicarágua sofreram mais de 190 ataques e profanações. Isso inclui um incêndio na Catedral de Manágua, capital do país localizado na América Central, prisões de padres, fechamento de emissoras de rádio e canais de televisão católicos, além da expulsão de 16 freiras missionárias da ordem Madre Teresa de Calcutá. Há relatos também de agressões e destruição de imagens e símbolos religiosos católicos.
O papa Francisco expressou neste domingo (21) sua preocupação e sua dor pela situação na Nicarágua e pediu "um diálogo aberto e sincero" para que "se possa encontrar as bases para uma convivência respeitosa e pacífica".
Perseguição aos católicos
Em entrevista à Gazeta do Povo, o bispo da diocese de Formosa (GO), Dom Adair José Guimarães, deu o seu posicionamento pessoal sobre a perseguição aos católicos na Nicarágua. Segundo o sacerdote, a situação da Nicarágua vem se agravando ao longo dos tempos e chegou ao ápice com Daniel Ortega que deseja se perpetuar no poder".
"No mês de março de 1983 São João Paulo II visitou aquele País e não foi bem recebido, tendo que celebrar a Santa Missa num palco decorado com os símbolos sandinistas e sofreu manifestações contrárias à sua pessoa da parte de pessoas afeitas ao regime. Trata-se de um sistema socialista, ancorado nas ideias marxistas, que usa da democracia para instalar a ditadura, uma espécie de tomada do poder", disse Dom Odair.
O religioso também destaca que a ditadura nicaraguense é marxista e ateia, por isso "não é de se assustar que seja imposta uma sistemática perseguição à Igreja Católica que não se dobra a ditaduras que oprimem o povo".
"Acredito que não será um momento fácil para a comunidade católica da Nicarágua enquanto a ditadura não terminar. Uma tirania traz consigo a marca da inconsequência", declarou.
O Brasil precisa estar vigilante
Com o risco à liberdade religiosa em países governados por líderes de esquerda, Dom Odair destaca que "as democracias consolidadas precisam ser vigilantes".
"Líderes populistas emergem facilmente e usam a simplicidade do povo para propalar ideais messiânicas que manipulam as massas, favorecendo a imposição de ditaduras como caminhos de salvação", explica.
O bispo lembra ainda que os governos socialistas não respeitam liberdades, a prática da religião e os ideais familiares. "É preciso vigilância, pois as carências materiais do nosso povo, a fragilidade educacional e os desafios para a inclusão social abrem caminhos para o oportunismo demagógico e a manipulação das massas, com aporte de parte de uma elite aproveitadora e da velha mídia subserviente", reforça.
Padres e bispos fazem alerta pelas redes sociais
"Cuidado para que não nos tornemos amanhã aquilo que estamos vendo na Nicarágua!", foi o alerta que o padre Overland de Morais fez na última semana durante sua homília aos fiéis da Paróquia Cristo Rei, em Cuiabá.
O vídeo do padre Overland tem sido bastante compartilhado pelas redes sociais como um alerta para as eleições 2022. "Cristãos não votam em candidatos que promovem aborto, ideologia de gênero e tantas outras coisas contrárias aos mandamentos de Deus e aos ensinamentos da igreja", disse Morais.
Outro sacerdote que tem ganhado destaque nas redes sociais por alertar e conclamar a igreja a rezar pelos cristãos perseguidos é o Bispo de Petrópolis-RJ, Dom Gregório Paixão.
"Estamos em uma situação confortável, embora a perseguição no Brasil seja imensa. Ao redor do mundo, a perseguição fecha igrejas, expulsa sacerdotes e religiosas, mata homens e mulheres por um único desejo de matar a Verdade trazida por Jesus Cristo, de matar Deus no coração da humanidade", disse Dom Gregório na homilia da Transfiguração do Senhor, celebrada na Basílica de Aparecida, no dia 6 de agosto.
"Querem calar a Igreja, mas nós responderemos a tudo isso com amor, oração e carinho. Podem nos matar, mas o nosso sangue será semente de novos cristãos; Podem calar a nossa boca, mas Deus falará por nós", complementa o bispo.