O foco era nas bicicletas, mas a "Operação Canaleta" acabou constatando que o problema do tráfego irregular nos corredores exclusivos para ônibus em Curitiba é outro: os veículos policiais. Após duas horas de fiscalização em duas canaletas da cidade, agentes da Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) e do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) abordaram 24 viaturas trafegando pela via do ônibus, que deveriam ser usadas por veículos oficiais apenas em casos de emergência.
Até ontem, viaturas trafegavam livremente nas canaletas, desde que com o giroflex ligado, sistema que garante a esses veículos a prerrogativa legal de trafegar no local. Mas a situação pode mudar.
Durante a operação montada nas avenidas Marechal Floriano Peixoto, no Prado Velho, e República Argentina, no Batel, policiais do BPTran e agentes da Setran anotaram a placa e o órgão para o qual o carro presta serviço. "Vamos enviar esses dados aos órgãos respónsáveis para que comprovem se o policial estava atendendo a situações de emergência naquele momento", afirmou Marcelo Araújo, secretário municipal de Trânsito.
Durante a operação, nenhum auto de infração foi emitido. No total, duas ambulâncias e 26 viaturas foram abordadas: 16 da Polícia Civil, oito da Polícia Militar e duas da Guarda Municipal.
Perigo
Especialistas em trânsito revelam que a presença de carros menores nos corredores aumenta o risco para os pedestres que atravessam essas vias, já que eles esperam ter no campo visual um veículo maior. Exemplo do perigo ocorreu no início de abril, quando Simone Elias da Silva, de 28 anos, foi atropelada por um carro descaracterizado da Polícia Militar na canaleta da Marechal Floriano. Um inquérito na Delegacia de Trânsito apura as causas do acidente.
Segundo dados do BPTran, ocorreram oito atropelamentos nas canaletas de Curitiba entre janeiro e abril deste ano, queda de 20% em relação ao mesmo período de 2011, quando foram 10 ocorrências. Os demais acidentes nessas vias caíram 7% (29 contra 27), diz a PM.