A mobilização nacional dos agricultores contra a crise no campo, que aconteceu nesta terça-feira (16), em todo o Brasil, fechou estradas e trouxe muitos transtornos para os motoristas paranaenses. Por volta das 18h30, 69 trechos de rodovias do Paraná ainda eram palco de protestos. Durante a tarde, os bloqueios atingiram 116 locais. (Veja a lista dos trechos que permanecem fechados)
De Norte a Sul do estado, máquinas na pista, rodovias interrompidas, trilhos impedidos e churrasco gratuito fizeram parte da paisagem paranaense. Na região Sudoeste, a rodovia que liga Pato Branco a Francisco Beltrão foi bloqueada. Longas filas se formaram nos dois sentidos e os agricultores distribuíram gratuitamente churrasco de carne de porco.
Nos Campos Gerais, os agricultores fecharam a PR-151, entre Ponta Grossa e Palmeira, a principal ligação com o interior do estado e o Porto de Paranaguá. A cada meia hora passavam carros e ônibus. Leite sem preço virou brinde para os moradores. Em Guarapuava, agricultores ocuparam a BR-277 e protestaram com caras pintadas e até em lombo de cavalo.
As principais rodovias da região Noroeste também foram bloqueadas. Em Igaraçu, perto de Maringá, só ambulâncias puderam seguir viagem. Uma colheitadeira foi incendiada em Doutor Camargo. Perto de Campo Mourão, o bloqueio foi em dois pontos da PR-317, entre Peabiru e Engenheiro Beltrão. Caminhões não passavam, carros de passeio só de hora em hora.
No Norte, também houve manifestação. Dezesseis bloqueios foram montados nas estradas de Londrina, a maior parte na BR-369. Em Arapongas, os agricultores tomaram uma praça de pedágio e durante uma hora, segundo a concessionária, veículos passaram sem pagar tarifa. No meio da tarde, os agricultores resolveram desocupar a praça de pedágio, mas só mudaram o endereço do protesto.
Cascavel, no Oeste, o trânsito nem chegou a ser interditado. Caminhões e carros passaram devagar pelos trevos da cidade, um dos maiores entroncamentos rodoviários do estado. Em São Miguel do Iguaçu, Oeste do estado, a praça de pedágio também foi ocupada, mas os produtores não impediram a cobrança da tarifa.
Somente as estradas estaduais continuavam bloqueadas. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), no começo da noite a BR-277, em Laranjeiras do Sul, no Centro-Oeste, foi a última rodovia federal a ser liberada. O trânsito já está normalizado na região.
Linhas férreas
Em virtude de um acordo firmado entre a América Latina Logística (ALL), empresa que administra as ferrovias, e os agricultores, nenhuma linha férrea foi bloqueada nesta terça-feira. Segundo a assessoria da empresa, a ALL aderiu ao protesto e parou, na região Norte do estado, os vagões às 8h desta terça e só vai retomar o transporte de cargas a partir de 16h. Por dia, cerca de 630 vagões circulam na região.
Em troca, afirma a ALL, os produtores desbloquearam no sábado os trilhos na região Noroeste do Paraná, nos municípios de Marialva e Sarandi. Ainda de acordo com a assessoria, a linha férrea continua bloqueada nos municípios de Ibiporã e Arapongas, e a expectativa é neste município os trilhos sejam liberados após a manifestação.
Apoio
O governador do Paraná, Roberto Requião, manifestou a solidariedade do governo do estado ao protesto dos agricultores. A manifestação de apoio foi reafirmada na manhã desta terça-feira durante a reunião de secretariado no Museu Oscar Niemayer, em Curitiba.
Em solidariedade ao movimento dos agricultores, os sindicatos do interior filiados à Federação de Transportes de Cargas do Paraná (Fetranspar) colocaram 2 mil caminhões nas estradas para bloquear as rodovias. Em Curitiba e na região metropolitana, as empresas resolveram deixar os caminhões no pátio.
Os agricultores também receberam apoio dos comerciantes de Maringá, no Noroeste do estado. De acordo com a rádio CBN, os lojistas fecharam as portas nesta manhã como forma de solidariedade aos agricultores.
Onda de protestos
Desde o início da semana passada os agricultores paranaenses realizaram, diariamente, protestos em rodovias e, principalmente, em linhas férreas. Os produtores pedem o apoio do governo federal para superar a crise no setor.
Interatividade
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