A adoção de medidas simples e criativas em sala de aula colocou quatro municípios em destaque entre todas as 399 cidades do Paraná no diagnóstico De Olho nas Metas, divulgado neste mês pelo movimento Todos pela Educação. Em Ivaí, Serranópolis do Iguaçu, Quatiguá e Joaquim Távora, os conteúdos dos principais eixos do ensino fundamental Língua Portuguesa e Matemática foram bem absorvidos pelos estudantes. A organização elencou cinco metas para melhorar a educação até 2022. Uma delas (a meta 3) prevê que 70% dos alunos aprendam o adequado para a sua série. E é nesse item que as quatro cidades foram bem.
INFOGRÁFICO: Confira as quatro cidades do Paraná que tiveram um bom desempenho no De Olho nas Metas
Com base nos resultados da Prova Brasil de 2011, os técnicos do Todos pela Educação estipularam metas bianuais para cada um dos 5.565 municípios brasileiros. No Paraná, somente 12% das cidades alcançaram a meta prevista para cada uma nas turmas do 9.º ano em Matemática. O baixo desempenho colocou o Paraná em último lugar entre os estados. No 5.º ano, no entanto, 71,4% dos municípios atingiram as metas propostas em Matemática.
Procurada para comentar o diagnóstico, a Secretaria de Educação do Paraná não retornou à reportagem.
Colaboraram Denise Paro, da sucursal de Foz, e Marco Martins, correspondente em Santo Antônio da Platina
Entrevista
"Fazer bem o básico é essencial"
Para melhorar o aprendizado, o primeiro passo é fazer bem o básico, diz a diretora-executiva do Todos pela Educação, Priscila Fonseca da Cruz. Confira a entrevista.
Por que as mesmas redes de ensino, seja municipal ou estadual, têm desempenhos tão diferentes no aprendizado dos alunos em Língua Portuguesa e Matemática?
O primeiro ponto é que a equidade não está na agenda dos gestores educacionais. Muitas vezes, você tem uma rede com boa qualidade média entre as escolas, mas com um desempenho muito desigual. Se a equidade está na pauta do secretário municipal de Educação, todas as políticas públicas da secretaria são direcionadas para se ter qualidade como um todo. Ele vai olhar principalmente as escolas que têm baixo desempenho e vai abrir mão de outras políticas para aumentar os índices dessas escolas. A sociedade brasileira é muito desigual e na educação essa desigualdade também se repete.
Como criar mecanismos para que os bons exemplos possam ser replicados?
Eu vejo a reprodução de boas práticas ocorrendo menos do que deveria ocorrer. As pessoas em geral e até mesmo a imprensa ficam muito focadas no que está acontecendo de ruim, no que está parado, no que não está funcionando. É importante colocar luz naquilo que está funcionando, valorizar o avanço de uma escola que estava com baixo desempenho e conseguiu crescer.
Algumas escolas com desempenhos positivos não desenvolvem projetos diferentes, mas se focam no planejamento e no bom relacionamento da equipe. Qual a receita para melhorar a aprendizagem?
O primeiro passo é fazer bem feito o básico. A escola precisa ter uma boa rotina, onde o professor não falta, o aluno não falta, tem reforço para quem precisa, tem um bom trabalho em Educação Física, em Artes, o clima de trabalho é bom, os professores se dão bem. Não precisa ter lousa digital ou equipamentos de informática. Uma escola que faz bem feito o básico terá, com certeza, bons resultados.
Priscila Fonseca da Cruz, diretora-executiva do movimento Todos pela Educação
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