McCarthy: autor de "A Estrada" vendeu a máquina de escrever que comprou em 1963 por 50 dólares.| Foto: Divulgação

Caminho para o mar

Passou boi, agora não passa nada

Aberta no começo do século passado para passagem de criadores com o gado trazido do Mato Grosso do Sul, a Estrada da Boiadeira é considerada essencial para facilitar o escoamento das produções agropecuárias do Mato Grosso do Sul e Noroeste do Paraná até o Porto de Paranaguá. A estrada tem 585 quilômetros, entre Dourados (MS) e Ipiranga, mas nem todo o trecho é utilizado atualmente. Os 40 quilômetros sem asfalto entre Cruzeiro, Tuneiras do Oeste e Campo Mourão, por exemplo, ficam intransitáveis e deixam moradores isolados em dias chuvosos. Para ir de Tuneiras a Cruzeiro do Oeste, a distância aumenta em 20 quilômetros sem o asfalto na Boiadeira. Nos demais trechos, os motoristas precisam enfrentar estradas sem acostamento e passar por desvios para chegar às BR-376 e 277 em direção a Curitiba e Paranaguá. (ON)

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Umuarama – Os R$ 120 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) federal previstos para a pavimentação da BR-487, a Estrada da Boiadeira, deu o sinal de alerta para o município de Umuarama, na Região Noroeste. Lideranças políticas e autoridades, entre elas o deputado federal Osmar Serraglio, estão empenhadas em mudar o traçado original da estrada, já definido pelo Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit). A Boiadeira, que liga Porto Camargo, na divisa do Paraná com o Mato Grosso do Sul, a Ipiranga, seria desviada para o perímetro urbano de Umuarama. No projeto original, a rodovia passa a dez quilômetros de distância do município.

Segundo o chefe do serviço de engenharia do Dnit no Paraná Marcelo José Leal Gasino, o trecho proposto pelo município aumenta o percurso de 75 para 80 quilômetros. A nova alternativa de traçado não provocaria alteração significativa nos custos iniciais porque aumenta o aproveitamento das pistas da rodovia PR-323, quase 20 quilômetros entre Umuarama e Cruzeiro do Oeste. A obra do traçado original depende ainda de licitação. O Dnit aguarda apenas a licença ambiental solicitada ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para abrir a concorrência.

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A Estrada da Boiadeira começa em Dourados (MS) e tem 469 dos 585 quilômetros em território paranaense. A rodovia tem outros dois trechos sem asfalto: 40 quilômetros entre Cruzeiro do Oeste e Campo Mourão e 114 quilômetros entre Cândido de Abreu e Ipiranga.

O trecho entre Campo Mourão e Cruzeiro do Oeste é o mais crítico da rodovia. A última empreitada da obra de pavimentação foi interrompida em 2003, embargada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por fraude na licitação. Como o TCU cancelou os contratos, será necessária um novo edital. Só um lote da obra, entre Tuneiras do Oeste e Cruzeiro, deve ser retomado ainda no próximo ano, de acordo com o Dnit. O presidente da Associação dos Municípios de Entre Rios (Amerios) Valdir Hidalgo Martinez, diz que a região vê a promessa com desconfiança porque a luta pela pavimentação total da Boiadeira já dura mais de 40 anos e foram muitas as promessas. Em 1990, o Departamento de Estradas de Rodagens (DER) fez 20 quilômetros de asfalto, e em 2000 o governo federal pavimentou outros 13 quilômetros a partir de Campo Mourão. Em junho o governador Roberto Requião disse que, se a União delegar a a rodovia ao Paraná, o estado vai assumir a obra de pavimentação de todo o percurso.