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A professora aposentada da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Maria Aparecida de Moraes e Silva explica o contexto histórico que levou os cortadores de cana-de-açúcar a um sistema de trabalho que pode ser comparado ao escravo. Segundo ela, o marco na história destes trabalhadores é a década de 60, quando houve um processo violento de expulsão de trabalhadores rurais para as cidades.

Naquela época, desaparecem os colonos e surgem os bóias-frias. No início, eram trabalhadores da própria região. Eles passam a trabalhar desprovidos de direitos e de segurança. Perambulam de uma propriedade para outra e as fazendas e empresas contratam as pessoas nesta condição de "volantes".

Para Maria Aparecida, a desqualificação começa aí. Com a ampliação do cultivo de cana-de-açúcar e a abertura de usinas, surgem os migrantes, principalmente do Nordeste do Brasil e do Norte de Minas Gerais, conta a professora, mas também aparecem muitos paranaenses expulsos das fazendas de café.

Atualmente, em São Paulo, 200 mil cortadores de cana (dois terços do total) são migrantes. A oferta de mão-de-obra só aumenta e a remuneração do trabalhador cai, lamenta a professora.

Para piorar a situação, diz ela, na década de 80 tem início o processo de mecanização do corte da cana-de-açúcar, que foi se intensificando. Mas o plantio também cresceu. Hoje, em algumas regiões, a mecanização atinge até 45% da colheita. (VF)

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