A Polícia Rodoviária Estadual (PRE) apreendeu ontem de manhã no quilômetro 32 da PR-323, entre o distrito de Warta e o município de Sertanópolis, na região de Londrina, um ônibus que transportava 38 bolivianos irregularmente de Foz do Iguaçu para São Paulo. A suspeita é de que os estrangeiros iriam trabalhar em indústrias de confecções na capital paulista. Eles foram encaminhados à sede da Polícia Federal (PF) em Londrina e o motorista foi preso em flagrante.
À PF, os estrangeiros disseram que a maioria viajava para visitar parentes em São Paulo e que apenas alguns teriam o objetivo de se instalar no Brasil para trabalhar ilegalmente. Um deles é o marceneiro Ramiro Leoncio Chamiso, 30 anos. "As oportunidades aqui são melhores. Já trabalhei em confecção e pretendia continuar em São Paulo."
Os bolivianos saíram de La Paz, capital da Bolívia, quarta-feira, passaram por Ciudad de Leste, no Paraguai, onde uma perua os aguardava para transportá-los a Foz do Iguaçu. Já no Brasil, foram para um hotel, onde passaram algumas horas até embarcarem no ônibus com destino a São Paulo.
Chamiso afirma ter ficado surpreso com a prisão. Conta que não tem passaporte e que passou pela fronteira somente com o documento de identidade. Toda a viagem teria sido combinada com dois homens. "Gastei quase US$ 200 na viagem. Esse dinheiro faz muita falta", lamenta.
Reincidência
É a segunda vez que a empresa Aruama Transportes é flagrada transportando bolivianos ilegalmente. No dia 1.º de setembro de 2005, quatro pessoas morreram e 55 ficaram feridas em acidente envolvendo um ônibus da mesma empresa. O acidente foi no quilômetro 5 da PR-444, em Arapongas.
A empresa será multada e terá de arcar com os custos de estadia e transporte dos bolivianos no Brasil. Os estrangeiros serão notificados a deixar o país em três dias. Se não cumprirem, serão deportados.
O delegado da PF Homero Campelo Souza instaurou inquérito para apurar o motivo da viagem. O motorista Gonçalino Adolfo Antunes foi preso em flagrante por conduzir estrangeiros sem documentação. Antunes diz trabalhar como freelancer para a empresa e que essa era sua segunda viagem. "Não sabia que eles (bolivianos) eram ilegais. A empresa me entregou toda a documentação do veículo e na hora do embarque recebi a lista de passageiros." Os bolivianos seriam deixados no Parque Dom Pedro, na região central de São Paulo.