Os bombeiros do Rio, que estão em greve desde a noite da quinta-feira, adiaram neste domingo a assembleia para debater os rumos do movimento. A passeata de protesto, que estava prevista para percorrer a orla de Copacabana, também foi suspensa. O ato era um repúdio contra a prisão dos líderes grevistas, entre eles o cabo do Corpo de Bombeiros Benevenuto Daciolo, preso a noite de quarta-feira. Segundo Cristiane Daciolo, mulher do cabo, o cancelamento foi em razão do 'luto' pelas prisões. Diferentemente do ano passado, quando a população apoiou a greve, usando fitinhas vermelhas que eram distribuídas pelo comando grevista, durante o protesto deste domingo não houve qualquer participação de apoio por parte dos banhistas que estavam na praia.
Uma nova reunião foi marcada para segunda-feira, às 11h, com representantes da Comissão de Diretos Humanos da Assembleia Legislativa (Alerj) e da Defensoria Pública para tentar negociar o relaxamento das prisões. Ainda na segunda-feira, eles realizarão nova assembleia para definir os rumos do movimento.
Cerca de 150 bombeiros participaram do ato. Um ônibus especial, com placa de Niterói, levou parte dos manifestantes, a maioria deles mulheres e jovens. Uma kombi do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) levou faixas e cartazes para o protesto. Após o protesto, os bombeiros se reuniram para decidir em assembleia se a greve vai continuar. Mais cedo, Cristiane Daciolo disse que pelo menos seu marido deveria sair de Bangu 1, presídio destinado a bandidos de alta periculosidade.
- São 30 homens de bem presos como bandidos. Pelo menos eles deveriam estar no lugar certo, que é o Grupamento Especial Prisional (GEP). Meu marido está fazendo greve de fome. Desde quinta ele não come nada - afirmou.
De acordo com Cristiane, os líderes do movimento querem um encontro com a presidente Dilma Rousseff na terça-feira.
- Ela deveria fazer alguma coisa. Afinal, há 40 anos ela também foi perseguida.
De acordo com Cristiane, que diz falar em nome das mulheres e famílias dos bombeiros presos, a saída da Polícia Civil do movimento não afetará a greve da corporação. O presidente do Sindicato dos Policiais do Rio de Janeiro (Sinpol), Fernando Bandeira, que tem 2.500 associados, negou que a categoria tenha saído do movimento, e desmentiu as declarações feitas na véspera pelo inspetor Francisco Chao, do Sindicato da Polícia Civil, que em coletiva anunciou a saída da Polícia Civil do movimento. A categoria está dividida e o movimento se esvazia.
No sábado, Francisco Chao afirmou que a Polícia Civil decidiu suspender a participação na greve que reúne também PMs e bombeiros. Ele afirmou que os agentes marcaram uma nova assembleia para a próxima quarta-feira, para resolver se mantêm ou não a decisão. Segundo ele, a suspensão foi decidida devido a "eventos como três ataques a caixas eletrônicos em São Gonçalo ocorridos nos últimos dias".
Um total de 187 militares já foram detidos administrativamente ou presos desde sexta-feira, primeiro dia da greve de bombeiros e policiais. Essa soma inclui 162 guarda-vidas, que ficaram detidos nos quartéis por não terem se apresentado aos seus postos de trabalho, oito bombeiros presos ontem e 17 PMs que já estão na cadeia desde anteontem.
Cento e vinte e três guarda-vidas foram detidos administrativamente na sexta-feira e 39 ontem. A prisão administrativa vale por 72 horas. Além disso, 11 mandados de prisão foram emitidos ontem contra 11 bombeiros, líderes do movimento grevista, e oito foram cumpridos. Esses cabeças da greve foram levados para o presídio Bangu 1, onde já se encontra, desde quinta-feira, o cabo do Corpo de Bombeiros Benevenuto Daciolo.
Além desses bombeiros, estão presos desde sexta-feira 17 policiais militares. Desses, dez $ão considerados líderes do movimento e também foram levados para Bangu 1. Ainda há um sendo procurado. Outros sete policiais militares estão no Batalhão Especial Prisional (BEP), em Benfica.
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