Corpo de Bombeiros de Curitiba: trabalho coletivo e pronto atendimento garantiram nota 9,2| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

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O Corpo de Bombeiros é a instituição mais confiável?

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Tendência

Instituições privadas e religiosas têm maior índice de confiabilidade

O resultado da pesquisa em Curitiba reflete uma tendência do país. O cientista político Emerson Cervi diz que, nas pesquisas de abrangência nacional, as impressões são semelhantes. Ou seja, instituições como Correios e Corpo de Bombeiros são classificadas como altamente confiáveis em oposição a órgãos e partidos políticos.

Tanto na capital paranaense como no resto do Brasil, os resultados apontam para uma tendência em confiar mais em instituições religiosas e privadas. Na pesquisa, a média – que varia entre 0 e 10 – das duas foi, respectivamente, de 6,89 e 6,42, acima do índice geral, que é de 6,2.

Já as públicas, embora tenham ocupado as três primeiras posições, somadas ficam abaixo da média, com 5,56.

Dentro delas há ainda a preferência pelas nacionais (6,5) em detrimento das locais (5,6). A explicação dada pelo administrador e professor da Fundação de Estudos Sociais do Paraná (Fesp) Décio Luiz Mello Peixoto é que as pessoas tendem a serem mais críticas com serviços que usam e conhecem mais.

As instituições com a média mais baixa são as sociais, que englobam ONGs e partidos políticos. Embora as duas primeiras estejam acima da média, são os partidos que puxam para baixo. "A confiabilidade das ONGs não está tão baixa, mas em países desenvolvidos elas têm mais crédito. Faz parte da cultura do brasileiro desconfiar delas," diz Cervi.

O cientista também afirma que a formação de opinião se dá não só em função da mídia, mas em espaços não institucionalizados. Ou seja, nos debates e conversas entre as pessoas. Além de divulgar a percepção individual que se tem dos serviços, os debates são fundamentais para a imagem coletiva que se cria de cada instituição.

O Corpo de Bombeiros é a instituição em que os curitibanos mais confiam. Por outro lado, os partidos políticos têm a menor credibilidade. Os dados são de levantamento feito pelo Instituto Paraná Pesquisas com exclusividade para a Gazeta do Povo. O estudo avaliou 26 instituições sociais, públicas e privadas para saber qual o grau de confiabilidade que a população tem em cada uma.

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A explicação para os dois extremos está relacionada ao serviço prestado e à imagem que a instituição passa. Enquanto o Corpo de Bombeiros é reconhecido pela população pelos resgates em situações de risco e pronto-atendimento, os partidos políticos frequentemente viram assunto por motivos como roubo e corrupção.

Segundo o cientista político Emerson Cervi, a tendência é confiar em instituições prestadoras de serviço, aquelas que não só estão em contato direto com a população, mas que constroem uma boa imagem pela eficiência do atendimento. "Aquilo que aparece mais tende a ganhar crédito das pessoas. O que está na mídia e nas conversas com bons exemplos é visto de forma positiva", explica. Por isso também estão no topo da lista as Forças Armadas e os Correios.

No caso dos partidos políticos, há outros agravantes que explicam a desconfiança. Na prática, são instituições distantes da população. Assim como eles, a Câmara de Vereadores e a Assembleia Legislativa do Paraná também ocuparam o final da lista de instituições confiáveis.

Acreditar em uma instituição ou não também está ligado à pluralidade. O comandante do Corpo de Bombeiros do Paraná, Luiz Henrique Pombo do Nascimento, diz que o atendimento é feito independentemente de classe social. "Qualquer pessoa a quem você perguntar na rua vai dizer que, em caso de emergência, pensa nos bombeiros. Todo mundo sabe que nosso serviço é para todos."

Mudança

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Porém, essas impressões podem mudar. O coordenador do Centro de Estudos e Pesquisa em Segurança Pú­­blica da Pontifícia Uni­­ver­­si­­dade Católica de Minas Ge­­rais (PUCMG), Luís Flávio Sa­­pori, lembra que na década de 80, por exemplo, a população tinha baixa confiança na Polícia Federal e hoje a situação foi revertida – ela ficou em oitavo lugar. Isso só foi possível pela atuação de destaque, principalmente em crimes do colarinho branco, nas últimas duas décadas.

Ao mesmo tempo, a Po­­lícia Civil e a Militar tiveram baixa confiabilidade na pesquisa. Isso está, de acordo com Sapori, na atuação falha e na ineficiência.