Diagnóstico tardio aumenta letalidade da doença

O taxista Sidney José da Silva ficou em tratamento no Hospital Universitário (HU) desde novembro do ano passado, mas os primeiros sintomas surgiram em julho. Para a família, a demora no diagnóstico agravou a doença e dificultou o tratamento. "Ele foi piorando aos poucos. Perdeu a audição, depois a visão de um dos olhos na semana passada. Já não conseguia mais respirar", descreveu Luís Dias, tio do taxista. "Se ele tivesse recebido um diagnóstico correto desde o início, quem sabe poderia ter sido salvo", lamentou.Márcia Silva, mulher do taxista, confirmou que ele começou a sentir fortes dores de cabeça ainda em julho de 2012. "Fomos ao hospital da zona norte, mas os médicos liberaram o meu marido, dizendo que ele tinha sinusite. Deram analgésicos, mas não conseguiram identificar a causa dos sintomas", disse.Silva ainda passou pelo Hospital Evangélico, onde ficou por mais 30 dias recebendo tratamento. "Fizeram ressonâncias, tomografias, mas não conseguiram descobrir o que era. Mais uma vez, ele foi liberado sem um diagnóstico", revelou o tio do taxista.A meningite só foi descoberta pelo neurologista Luis Sidônio, consultado pela família. "Ele olhou os mesmos exames feitos no [Hospital] Evangélico e na mesma hora diagnosticou a meningite. Foi encaminhado para o HU, mas aí já era tarde", disse Márcia.O médico confirmou que o índice de mortalidade aumenta de acordo com a demora do diagnóstico. "É uma doença que responde bem ao tratamento, mas precisa ser diagnosticada cedo. As mortes são mais frequentes em casos onde há demora em iniciar o tratamento, como no caso do taxista", avaliou Sidônio.

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O taxista Sidney José da Silva, 47 anos, foi a terceira vítima de doenças relacionadas à criptococose em Londrina nos últimos cinco anos. Ele morreu no domingo (24) de meningite, uma das complicações decorrentes da infecção causada pelo fungo Cryptococcus, presente nas fezes de pombos. No entanto, o fungo frequentemente associado apenas às aves, também pode ser encontrado em folhas e troncos de árvores, além de material vegetal em decomposição. É o que mostra uma pesquisa da professora da Universidade Estadual de Londrina Aline Yamamura, prestes a ser publicada. Mesmo não confirmando os resultados da pesquisa, a professora confirma que o bosque, localizado na área central da cidade e próximo do ponto onde o taxista trabalhava, é um dos locais onde há maior infestação destes fungos.

Aline deu início à pesquisa em 2009, no mesmo período em que uma morte relacionada à criptococose foi registrada em Londrina. "Tivemos casos de cães e gatos apresentando a doença na mesma época. Eles são como sentinelas, avisando sobre a presença dos fungos", revelou a professora.

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Ela encontrou dificuldades no levantamento dos dados. "Pedi, pessoalmente e por telefone, dados sobre a doença paras as secretarias municipal e estadual de Saúde. Ninguém passou nenhuma informação sequer", disse Aline. "Depois daquela morte [do serralheiro Márcio Marcos Kovaleski] fizeram comissões, reuniões, mas nunca fui procurada. Fiz o que uma pesquisadora tinha que fazer, pesquisei sobre a doença", apontou.

O levantamento vai apontar a presença de duas espécies do fungo em Londrina. A Cryptococcus neoformans é comumente encontrada nas aves, e só traz complicações em pacientes com deficiência no sistema imunológico. Já a Cryptococcus gattii é mais perigosa, segundo a pesquisadora. "Esta espécie infecta plantas, folhas e troncos de árvores. Veio para o Brasil em eucaliptos importados da Austrália e pode causar doenças em pessoas com o sistema imunológico perfeito".

Segundo a gerente de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Londrina, Sandra Caldeira, não será possível saber qual das espécies infectou o taxista. "É um exame muito complexo, que nem mesmo é feito em Londrina. Pode até mesmo ser impossível detectar o tipo exato do fungo", declarou.