Em 1857, uma epidemia de cólera assolava Curitiba. A cidade, capital da recém-criada província do Paraná, não tinha pessoal preparado para combater a doença. José Cândido da Silva Muricy, um dos únicos médicos residentes da cidade e "vacinador" oficial, nomeado pelo governador da província Zacarias de Góes e Vasconcelos, queixava-se da falta de farmacêuticos. "E porque de nada serviria a presença desses doutores (médicos) à vista da falta absoluta de remédios próprios para combate de cólera, maximé (sic) serra acima, onde não há um só botica", afirmava Muricy em carta enderaçada a Góes e Vasconcelos.
O clamor do vacinador chegou até Paranaguá, onde trabalhava há cinco anos o farmacêutico alemão Augusto Stellfeld. Em 7 de abril de 1857, Stellfeld iniciava suas atividades de farmacêutico na capital da província com a "botica alemã", ao lado da Santa Casa de Misericórdia. Pouco tempo depois, mudou-se para o Largo da Matriz (hoje Praça Tiradentes) em um prédio existente até os dias de hoje. Os 150 anos da chegada de Stellfeld a Curitiba e da primeira farmácia da cidade foram lembradas ontem com um almoço da família no Clube Concórdia. "A farmácia e a figura dele foram fundamentais para o desenvolvimento da cidade", explica a bisneta Marilú Stellfeld.
Durante a Guerra do Paraguai, a farmácia de Stellfeld distribuiu medicamentos gratuitos para os soldados e familiares residentes em Curitiba. O farmacêutico chegou a ocupar o posto de sargento da Guarda Nacional e, como tal, foi membro da comissão de recepção ao imperador Dom Pedro II, que vinha vistoriar as obras da estrada de ferro CuritibaParanaguá e inaugurar o hospital da Santa Casa de Misericórdia. "O diário do imperador relata que ele se impressionou com a vasta cultura daquele alemão", diz Marilú.
Stellfeld também foi vereador e presidente da Câmara Municipal. Recebeu, como prova de reconhecimento aos serviços prestados ao Brasil, a comenda Ordem da Rosa. Em 1891 recebeu a medalha e o diploma de fundador da Sociedade Científica Européia. Após sua morte, a farmácia Stellfeld foi administrada pelos filhos Carlos, Camilo e Edgar. Em 1971, a família Stellfeld vendeu o ponto e deixou o ramo.
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