Mesmo tendo aumentado o investimento público com educação na última década, o Brasil ainda não conseguiu fazer com que muitos jovens cheguem às universidades e concluam o ensino superior. Relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) aponta que, no país, 9% das pessoas entre 55 e 64 anos concluíram essa etapa. Na faixa etária dos 25 aos 34 anos, o porcentual não passa dos 12%. Um avanço, segundo especialistas, pequeno entre uma geração e outra. A Coreia do Sul, por exemplo, que tinha 13% da população entre 55 e 64 anos com ensino superior, deu um salto: 65% entre 25 e 34 anos concluíram um curso universitário.
Em um grupo de 29 países, o Brasil ocupa o 23.º lugar no ranking de investimentos no ensino superior. O estudo mostra que foi investido em média 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) nessa etapa. A pesquisa analisou 42 países, mas nem todos apresentaram dados sobre os aspectos detalhados pela organização, daí o fato de o número de nações analisadas ser maior ou menor em determinados itens.
"O levantamento mostra o fracasso do ensino superior do país. Por aqui, ir para a universidade é parte do posicionamento para melhorar a carreira. Com o Enem e com as cotas, nós vamos aumentar o número de pessoas que concluem essa etapa. A expansão da rede federal e do Prouni também vai contribuir", diz Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, lembrando que é preciso que haja educação de qualidade. "O desafio é criar políticas para que quem ingresse possa concluir o curso."
Governo
Ministro da Educação, Aloizio Mercadante diz que o relatório da OCDE ainda não reflete as mudanças pelas quais o país vem passando. Segundo ele, na faixa dos 18 aos 24 anos, 17% estão nas universidades ou já concluíram os cursos. Além disso, em uma década, entre 2000 e 2010, o número de matrículas cresceu: foram de 2,7 milhões para 6,4 milhões. "Tivemos duas décadas de estagnação econômica, quando não houve expansão da rede. Agora, o número cresce porque tivemos três programas para expandir o ensino superior: o Prouni, o Fies e o Reuni", afirma Mercadante.
Segundo o relatório, entre os 42 países, o Brasil ocupa a segunda posição quando o assunto é o aumento do porcentual do PIB gasto com educação: saltou de 3,5 % para 5,5%, entre 2000 e 2009. No entanto, ainda está longe da Islândia, que aplica 8,1%, e da média da OCDE, 6,2%. "Cálculos já mostraram a necessidade de 10% do PIB. Países que tinham uma dívida histórica com a educação, assim como nós, conseguiram avançar aplicando 10% ou mais. A Coreia chegou a 12%, o Japão numa época gastou 60% do Orçamento em educação", diz Daniel Cara.
Diretora-executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz alerta que só mais dinheiro não fará a mudança necessária. "Não adianta colocar 12% ou até 15% do PIB se não houver uma reforma estrutural, se a formação de professores não for voltada para a prática em sala de aula, se o país não tiver um currículo mínimo."