• Carregando...

No começo da década de 90, estimava-se que no ano 2000, 1,2 milhão de brasileiros estariam infectados pelo HIV ou teriam aids. Entretanto, graças a programas de prevenção e acesso ao tratamento, o país conseguiu reduzir esse número pela metade. No fim de 2003, segundo dados da Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/Aids) cerca de 600 mil brasileiros viviam com HIV/aids, sendo que, no mesmo ano, 15 mil morreram por causas relacionadas à infecção. No Paraná, em 2003, foram registrados 1.423 novos casos. Desde o surgimento da doença no estado, em 1984, foram contabilizadas cerca de 15 mil infecções.

Atualmente, 158 mil brasileiros recebem o tratamento anti-retroviral por meio do sistema público de saúde. "O Brasil estabilizou a prevalência nacional do HIV através de uma ampla estratégia de prevenção e tratamento", afirmou o diretor do Programa Nacional de DST/ aids, Pedro Chequer durante a 3.ª Conferência da International Aids Society (IAS) sobre Patogênese e Tratamento de HIV/aids, que ocorreu no Rio de Janeiro entre 24 e 27 de julho. A conferência é bianual e reúne cientistas, especialistas em saúde pública e clínicos para examinar os mais recentes avanços científicos na resposta global à aids.

Durante quatro dias, especialistas de todo o mundo discutiram sobre a epidemia, tratamentos, prevenção e pesquisas recentes. Embora a cura, ou até mesmo a vacina contra o vírus, ainda não sejam possíveis, em grande parte devido à propriedade altamente mutante do HIV, a evolução no tratamento anti-retroviral, desde o surgimento da doença nos anos 80, já representa uma melhora significativa na qualidade de vida dos portadores. "Hoje existe muito mais chance de detectar a infecção precocemente e intervir o mais cedo possível. Desde o lançamento do AZT, em 1986, se passaram apenas 20 anos, mas o tratamento evoluiu muito rápido. Como conseqüência, a história natural do doente mudou, o diagnóstico não é mais uma sentença de morte, existe maior perspectiva", afirma o médico Adauto Castelo, infectologista da Universidade Federal de São Paulo.

Para o infectologista Juvêncio Furtado, diretor do Hospital Heliópolis de São Paulo, aquela imagem do doente definhando já não corresponde à realidade atual de quem se submete a um tratamento efetivo. Entretanto, mesmo com os avanços na área, a redução dos efeitos colaterais causados pelas drogas continua sendo um desafio para a comunidade médica. Ao tomar o coquetel, composto por cerca de 17 drogas, o paciente está sujeito a desenvolver uma série de complicações, entre elas o aumento nos níveis de triglicerídios e LDL (o colesterol "ruim") no sangue. Como conseqüência, pode vir a desenvolver doenças cardiovasculares, como um infarto do miocárdio ou um acidente vascular cerebral.

Um estudo chamado DAD (Data Collection on Adverse events of anti HIV Drugs), realizado com cerca de 18 mil pacientes, mostrou que o risco de infarto entre pessoas que utilizam anti-retrovirais aumenta em média 26% ao ano. "Nos preocupamos também porque devido à melhoria no tratamento, a população portadora do HIV está vivendo mais, e sabemos que com a idade, a predisposição a problemas cardíacos também aumenta", ressalta Castelo.

Tentando reduzir a chance de complicações, a indústria farmacêutica tem procurado desenvolver drogas eficientes, mas que não comprometam a qualidade de vida do paciente. Entre os medicamentos mais modernos, Castelo cita o atazanavir, um inibidor de protease produzido pela Bristol-Myers Squibb e que faz parte do grupo de anti-retrovirais distribuídos pelo Ministério da Saúde. A droga não interfere nos níveis de colesterol, triguicerídios e insulina, efeitos adversos que geralmente estão relacionados com o processo de redistribuição de gordura e risco cardiovascular, dois dos maiores problemas enfrentados por quem se submete ao tratamento. "O que a indústria busca, hoje, é desenvolver drogas que agreguem eficácia, comodidade e segurança. O desafio é conseguir produzir medicamentos que além de eficazes, não causem outras complicações e ainda sejam tomados o menor número de vezes ao dia, de preferência apenas uma, para facilitar a adesão ao tratamento", resume Castelo.

A repórter viajou a convite da Bristol-Myers Squibb

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]