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Brasil é o 8º país com mais suicídios no mundo, aponta OMS

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que suicídio se tornou uma epidemia de proporções globais, mata mais de 800 mil pessoas por ano e 75% dos casos são registrados em países emergentes e pobres, não nas capitais escandinavas, como a cultura popular insiste. Especialistas criticam o modo como o tema é abordado no Brasil.

O médico José Manoel Bertolote, referência em estudos sobre suicídio e ex-funcionário da Organização Mundial da Saúde, vê com pessimismo a maneira como o tema é tratado no Brasil. Para ele, apesar de a taxa brasileira ser relativamente baixa em relação a outros países, o problema tem sido negligenciado. "Não vejo autoridades fazendo nada sobre o assunto. São raros os municípios que tratam de alguma forma o problema", disse.

Segundo ele, o tema é incômodo para muitos que preferem "varrer para debaixo do tapete" ao invés de analisar e tentar solucioná-lo. "Esse aumento dos números deveria ser sinal de alerta. Mas não é tratado dessa forma", acrescentou.

Pesquisadora especializada em prevenção de suicídios e revisora do relatório da OMS, a psicóloga Karen Scavacini compartilha da opinião de Bertolote. "Ainda vai piorar muito antes de começar a melhorar", disse a especialista sobre as estatísticas.

Karen considera importante o relatório da OMS para que o assunto seja retomado e ganhe atenção da população. "É importante por despertar a conscientização sobre o tema. O suicídio está mais perto da população do que ela pode imaginar", destacou.

Ela ressaltou que, enquanto em países desenvolvidos o número de pessoas que tiraram a própria vida começaram a diminuir, o mesmo não se repetiu em nações em desenvolvimento. Isso se explica, na visão dela, pela ausência de estratégias nacionais que debatam o assunto e proponham melhoras no sistema de saúde pública.

O Ministério da Saúde instituiu em 2006 as diretrizes nacionais para prevenção de suicídios. A portaria destacava o "aumento observado na frequência do comportamento suicida" e a "possibilidade de intervenção nos casos de tentativas de suicídio e que as mortes por suicídio podem ser evitadas". Para combater, o documento listava uma série de medidas a serem tomadas, como o desenvolvimento de estratégias de promoção de prevenção de danos e linhas de cuidado integrais em todo os níveis de atenção.

De acordo com Karen, por falta de vontade política, a estratégia não apresenta mais nenhuma ação desde 2008. "A situação vai continuar se agravando, pois é difícil conseguir algum tratamento via governo. É difícil trabalhar sem esse apoio", disse. Para a psicóloga, é necessário "políticas de vários setores" para mudar a situação.

Índia lidera ranking mundial de suicídios

A liderança em termos de números absolutos é da Índia, com 258 mil casos por ano. A China vem em segundo lugar, com 120 mil. Na terceira posição estão os americanos, com 43 mil suicídios por ano, seguidos por Rússia, Japão, Coreia, Paquistão e Brasil.

Na liderança em termos proporcionais está a Guiana, com 44 casos para cada 100 mil pessoas. A Coreia do Norte vem em segundo lugar, com 38,5 casos. Sri Lanka, Coreia do Sul e Lituânia dividem a terceira colocação, com 28 casos para cada 100 mil pessoas. Locais associados com esse comportamento, como Suécia, Finlândia e Suíça registram taxas de 11, 14 e 9 casos para cada cem mil pessoas.

O Brasil está distante desse grupo. Mas o País passou de uma taxa de 5,3 casos por 100 mil pessoas em 2000 para 5,8 em 2012.

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