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Diplomacia

Brasil enfrenta duas polêmicas na ONU

Genebra – A diplomacia brasileira terá de enfrentar duas polêmicas nos próximos dias na ONU. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcou ontem para participar da 63.ª Assembléia Geral das Nações Unidas, que começa amanhã, em Nova Iorque. A primeira polêmica se refere a um relatório indicando que o etanol poderá causar fome e que já está tendo efeitos "nefastos" para as populações mais pobres. A segunda se refere à candidatura do Brasil para ocupar o posto de relator especial das Nações Unidas para os direitos dos Povos Indígenas.

No que se refere ao etanol, a polêmica está sendo aberta na ONU pelo relator da entidade sobre o Direito à Alimentação, Jean Ziegler. Tradicional aliado do presidente Lula, o relator decidiu agora atacar a ofensiva do governo brasileiro em promover o etanol como uma solução no mundo. "Os efeitos do etanol são perversos, seja o combustível produzido a partir do milho como da cana-de-açúcar", afirmou Ziegler. Parte de seu relatório foi vetado pela secretaria das Nações Unidas, que teme uma reação dura por parte do governo brasileiro. Ainda assim, o recado de Ziegler será de que destinar terras hoje usadas para o cultivo de alimentos para combustíveis aumentará os preços de itens básicos para a luta contra a fome. Ziegler destaca como, nos últimos meses, a alta dos preços das commodities foi influenciada pelo uso de terras para o etanol.

Apesar das críticas, entidades internacionais apontam que os efeitos do etanol de milho (usado nos EUA) e o etanol de cana são diferentes. A FAO, por exemplo, aponta para as ameaças do milho, mas insinua que a cana-de-açúcar não traria os mesmos riscos para o setor da alimentação.

Indígena

A segunda polêmica se refere à indicação do ex-presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, como um dos candidatos para um posto na ONU. Mas diante de queixas de ativistas, o governo está sendo obrigado a repensar a indicação do brasileiro. Mércio Gomes, antropólogo, causou uma polêmica há dois anos ao afirmar que os grupos indígenas no Brasil já teriam terras demais. O ex-presidente da Funai alegou ter sido mal interpretado. Mas não convenceu os ativistas, que pressionaram para que ele fosse derrubado.

Agora, o governo sugeriu seu nome para o cargo na ONU que se ocupa de monitorar a situação dos indígenas no mundo, visitar países e denunciar violações. Hoje, a função é ocupada por Rodolfo Stavenhagen, do México. Na ONU, alguns funcionários da entidade circularam mensagens em uma campanha contra sua indicação. No Brasil, entidades enviaram uma carta ao governo pedindo que a candidatura seja "imediatamente" retirada. "A candidatura de Mércio Gomes constitui um afronta aos povos indígenas do Brasil, já que sempre atuou contra os nossos interesses", atacam os grupos, entre eles a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e a Comissão de Terras Guarani (CTG).

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