O Brasil gastou US$ 11,9 bilhões no ano passado com tratamentos de doenças relacionadas ao fumo. O valor equivale a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) – média que se mantém ao longo dos últimos cinco anos. O valor é quase cinco vezes maior, levando em conta a cotação atual do dólar, dos R$ 8,5 bilhões que a Receita Federal arrecadou em 2015 com cigarros. O levantamento é do Informe sobre o Controle do Tabaco nas Américas publicado este ano pela Organização Pan-americana de Saúde (Opas) e serve de alerta para este 31 de maio, data em que se celebra o Dia Mundial Sem Tabaco.
A situação do Brasil é semelhante aos países vizinhos. Segundo a Opas, o consumo do tabaco tem um custo sobre os sistemas de saúde da América Latina de aproximadamente US$ 33 bilhões , equivalente a 0,5% do PIB regional e a 7% de todo gasto latino-americano em saúde no ano. Os países mais afetados são o Chile (0,86% do PIB), Bolívia (0,77%) e Argentina (0,7%).
“É um valor gasto para tratar doenças que poderiam ser plenamente evitáveis e ser aplicado em outras políticas públicas”, enfatiza a chefe do Departamento de Promoção da Saúde, Maria Cristina Fernandes, que integra a Secretaria Estadual de Saúde. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) atestam que o tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo, respondendo por 63% dos óbitos relacionados a doenças crônicas não transmissíveis, 85% das mortes por doença pulmonar crônica, 30% das mortes por diversos tipos de câncer, 25% dos óbitos por doença coronariana e 25% das mortes por doenças cerebrovasculares.
“O cigarro afeta todos os órgãos do corpo. O risco de um acidente vascular cerebral (AVC) aumenta em 20 vezes para quem fuma, por exemplo”, ressalta a gerente médica do Hospital Cajuru, em Curitiba, Maria Inês Ramina.
Morte
O estudo da Opas estima que o tabaco é responsável por 14% das mortes de adultos entre 30 anos ou mais nas Américas. Para reduzir este índice e parar de fumar, as pessoas podem buscar ajuda na saúde pública.
A gerente médica do Hospital Cajuru, Maria Inês Ramina, destaca que o vício em cigarro é considerado uma doença. “Por isso é tratado como uma doença”, salienta.
No Paraná, por exemplo,o Programa de Controle do Tabagismo está presente em 662 unidades de saúde em 21 das 22 regionais de saúde do estado (apenas a regional de Umuarama está sem o programa). No ano passado, quase 13 mil pessoas receberam o tratamento, que dura um ano. “Este número corresponde a quem teve que usar medicamentos, algumas outras pessoas não chegam a utilizar remédios para ajudar a parar de fumar”, afirma a chefe do departamento estadual, Maria Cristina.
Novas mulheres fumantes
Ainda segundo o levantamento, nas Américas existe um crescimento de mulheres fumantes, principalmente nas meninas de 13 a 15 anos. Atualmente, há uma razão de 1,6 homens fumantes para cada mulher que fuma. Para Maria Inês, é necessário intensificar em campanhas de conscientização, principalmente em escolas. “Os jovens são atraídos pelo curiosidade e por quererem se mostrar adultos. Muitas vezes não têm a dimensão real das consequências para a saúde”, afirma.