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A fluência em inglês ajudou a estudante de Direito Thaís de Rocco a ler textos necessários na faculdade e a se aperfeiçoar na área | Antônio More/Gazeta do Povo
A fluência em inglês ajudou a estudante de Direito Thaís de Rocco a ler textos necessários na faculdade e a se aperfeiçoar na área| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Programas federais podem impulsionar mudança

Apesar do mau resultado, a tendência é que o Brasil ocupe posições mais altas no ranking de proficiência em inglês nos próximos anos, segundo Luciano Timm, da Education First (EF). Programas federais como o Idiomas sem Fronteiras e Ciência sem Fronteiras são possibilidades para melhorar o domínio da língua inglesa e de outras no país. Mas ainda é preciso aperfeiçoar. "O programa contribui para que mais pessoas se interessem mas, mesmo nele, o nível de aproveitamento ainda é baixo", diz Vera Bianchini, da Fisk.

Na opinião de Timm, a atuação dos governos estaduais também é fundamental para o crescimento da proficiência, e a pesquisa serve como guia para instituições e secretários de educação sobre o que precisa ser feito. "O governo de São Paulo envia alunos de escolas técnicas para estudar idiomas por um mês no exterior, assim como o Distrito Federal e outros estados", enumera. Outra iniciativa seria capacitar professores de escolas públicas.

Com 52,35 pontos, o Paraná é o terceiro colocado entre os estados brasileiros, atrás de São Paulo e Rio, e se enquadra entre as unidades da federação com grau de proficiência moderada.

Colocação

Para o representante da EF no Paraná, Ivan Pacheco, essa colocação reflete a situação socioeconômica do estado, do ensino privado e a classe média de maneira geral, que tem investido na qualificação. "Mas eu ainda acho, como alguém que viveu no exterior, que os estudantes tendem a superestimar seu próprio nível de inglês." No entanto, segundo ele, o Paraná tem uma avaliação favorável, com muitas pessoas estudando inglês e fazendo intercâmbio. A capital do estado, por sua vez, está em 20.º lugar no ranking de cidades brasileiras."Em Curitiba isso é bem pronunciado. E mesmo em cidades pequenas do Paraná as pessoas estão buscando qualificação e experiências no exterior", diz Pacheco.

A estudante de Direito Thais Vieira De Rocco, de 21 anos, estuda inglês desde o ensino fundamental. Neste ano, através de um programa de intercâmbio, ela passou um mês em San Diego, nos EUA, para aprimorar o idioma. Segundo ela, a escolha profissional foi decisiva para buscar fluência no inglês. "Na faculdade, comecei a me envolver com o estudo de direito internacional e arbitragem, e comecei a trabalhar na área", comenta.

O Brasil segue na modesta 38.ª posição no Índice de Proficiência em Inglês (EF EPI), divulgado recentemente pela empresa de educação Education First. Na lista dos 63 países avaliados, o nosso continua no mesmo patamar de um ano atrás, e ainda por cima com uma pontuação menor –caiu de 50,07, em 2013, para 49,96 pontos neste ano –, ficando atrás de Argentina, Peru e Equador, só para citar três vizinhos sul-americanos.

INFOGRÁFICO: Confira o ranking mundial de proficiência em inglês

Segundo especialistas, entre as possíveis razões para a falta de evolução tupiniquim na habilidade de falar o idioma de Shakespeare estão a estagnação econômica do país e a falta de políticas públicas de aprendizado da língua estrangeira. A proficiência, conforme a pesquisa, está relacionada a escolaridade, renda, desenvolvimento humano e empreendedorismo.

O estudo revelou ainda que a taxa de proficiência no Brasil é menor entre pessoas com mais de 45 anos, e maior na faixa etária entre 25 e 44 anos. Em comparação com os homens, as mulheres se saem melhor na estatística – o que, aliás, é uma característica mundial. Enquanto eles têm índice 47,73, elas chegam a 51,71 pontos. Apesar da estagnação, o desempenho brasileiro no ranking é melhor do que o de 2012, quando ocupava a 46.ª posição. A alteração, porém, está dentro de uma variação normal.

Surpresa

Para a coordenadora pedagógica da rede de escolas de idiomas Fisk, Vera Bianchini, o resultado surpreende. "Todos esperavam [mais] proficiência em função da realização da Copa do Mundo aqui no Brasil, o que não se comprovou", observa. O diretor de relações acadêmicas e institucionais da Education First, Luciano Timm, avalia que uma das explicações para a estagnação é o modelo de aprendizado da língua inglesa. "Estamos sem alterações na forma de ensinar inglês no Brasil."

Os países foram categorizados em sete níveis de proficiência: muito baixa, baixa, moderada, alta e muito alta. Pessoas com proficiência baixa ou muito baixa podem entender expressões diárias e frases simples na língua inglesa. Conseguem se apresentar, mas não interagir. A proficiência moderada indica que a pessoa consegue entender pontos em assuntos que lhe são familiares. Tem capacidade de lidar com algumas situações em viagens, escola e trabalho. As proficiências alta e muito alta se referem a pessoas fluentes, que interagem e se comunicam como se fossem nativos na língua.

Apenas sete países se enquadram na categoria de proficiência muito alta, todos no continente europeu. Dinamarca, Holanda, Suécia, Finlândia, Noruega, Polônia e Áustria, respectivamente, têm as maiores pontuações entre os países considerados na pesquisa. O primeiro colocado tem 69,30 pontos.

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