O governo do Brasil pode suspender a lista de exigências para a entrada de espanhóis no Brasil desde que o governo da Espanha faça o mesmo em relação aos brasileiros que queiram ingressar em território espanhol. A diretora do Departamento de Comunidades Brasileiras do Ministério das Relações Exteriores, Luiza Lopes da Silva, disse à EBC que a decisão de revogar as medidas está dentro do chamado "princípio diplomático da reciprocidade".
"Há 4 anos estamos tentando negociar com os espanhóis. A partir de agora quaisquer medidas são definidas a partir da reciprocidade. Estamos, inclusive, abertos a voltar à estaca zero, como era antes: quando exigíamos apenas o passaporte do espanhol para entrar no Brasil", disse Luiza Lopes.
A diplomata disse que em janeiro deste ano as autoridades espanholas foram informadas sobre a decisão do governo brasileiro de fazer uma série de exigências para os espanhóis que queiram entrar no país. "Não queremos que um espanhol seja inadmitido no Brasil por falta de informação. Por isso avisamos em janeiro, com várias semanas de antecedência, para que todos saibam exatamente o que devem fazer para vir para o Brasil", disse ela.
Na madrugada desta segunda-feira, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, desembarcaram os primeiros espanhóis submetidos às novas exigências feitas pelas autoridades brasileiras. Na tentativa de evitar transtornos e dificuldades, os espanhóis e seus amigos buscaram cumprir todas as exigências.
A turismóloga brasileira Camila Shimamuri, que aguardava a chegada do noivo, a cunhada e uma amiga espanhóis, disse que providenciou todos os documentos exigidos pelas autoridades brasileiras. O esforço de Camila foi recompensado, pois o noivo, o espanhol Juan Antonio Labari disse que conseguiu passar pela migração, apresentando todos os documentos, sem dificuldades.
"Não foi diferente em nada das outras vezes. Pediram os documentos, passamos pelo raio-X. Não me pediram a carta-convite nem me perguntaram nada. Não demorou muito, mas tinha muita fila", disse Labari. "Passar na alfândega foi tranquilo. Agora é que vem o nervosismo", brincou.
Apesar do alívio do noivo, Camila disse que sua tranquilidade foi motivada pela precaução em buscar atender todas as exigência do governo brasileiro. "Como eles vão ficar [hospedados] em casa, fizemos as cartas-convites [para todos], que é uma das exigências a partir de agora", contou Camila.
A turismóloga relatou ainda que em várias ocasiões em que foi visitar o noivo na Espanha passou por dificuldades e apuros. "[Na Espanha] me pediram a carta [-convite] e fizeram várias perguntas, mas liberaram", contou Camila Shimamuri sobre a viagem feita há 7 meses.
Ao chegar da Grã-Bretanha via Espanha, a estudante e auxiliar de limpeza brasileira Patricia Armani disse não ter observado procedimento algum diferente em relação aos espanhóis que estavam no mesmo voo que ela. "Acho que eles [alfândega] estão mais chatos, mas não percebi nada", disse.
Para Patricia, a lei da reciprocidade dever ser adotada também em relação a outros países. "Moro em Londres e, às vezes, é difícil para um brasileiro chegar lá. A sobrinha de uma amiga minha, por exemplo, foi barrada e não deram motivo aparente para isso. Isso não acontece só na Espanha. Acho que o Brasil deveria adotar a mesma medida com esses países que estão dificultando [a entrada de brasileiros], como a Inglaterra [Grã-Bretanha], por exemplo. O Brasil deve endurecer mesmo."