O médico cubano Juan Hernandes, que desembarcou em Fortaleza na tarde de ontem, num grupo de 79 profissionais, para participar do programa Mais Médicos, disse que o governo brasileiro precisa melhorar a infraestrutura nos hospitais de municípios do interior.
"O governo vai ajudar, o governo tem que ajudar", afirmou, quando questionado sobre a falta de recursos e equipamentos em hospitais da rede pública de saúde.
Um dos argumentos dos médicos que se opõem à vinda de estrangeiros ao país é que o problema não é falta de profissionais, mas de infraestrutura de atendimento em cidades do interior.
Os 79 médicos cubanos foram recepcionados no Aeroporto Internacional Pinto Martins por manifestantes e representantes de movimentos sociais e entidades sindicais, que traziam cartazes em apoio à vinda dos profissionais da saúde.
Missões
Hernandes afirmou que os profissionais de Cuba estão acostumados a fornecer assistência básica em locais com poucas condições de saúde. "A maioria dos nossos médicos já fez mais de três missões", disse.
Ele mesmo já trabalhou em regiões pobres da Bolívia e Venezuela. Quando questionado sobre o salário que receberá, o médico disse que quer "apenas o suficiente para sobreviver".
Os R$ 10 mil mensais da bolsa do programa não serão repassados diretamente aos médicos, mas ao governo cubano, que fará a distribuição. A gestão Dilma diz que, em outras parcerias, Cuba costuma repassar de 25% a 40% do total que, no Brasil, seria de R$ 2,5 mil a R$ 4 mil.
Estrutura
Luiz Odorico Monteiro, secretário de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, apresentou os médicos à imprensa e disse que as iniciativas do governo federal para a saúde vão além da contratação de profissionais de outros países.
"São 6 mil unidades de saúde sendo construídas e mais 11 mil sendo reformadas", disse. Ele ressaltou que o governo deu preferência à contratação de profissionais brasileiros. Os cubanos serão enviados para 701 municípios que não foram selecionados por médicos brasileiros e estrangeiros na primeira fase do programa.
Os médicos cubanos deixaram o aeroporto em direção a um alojamento do Exército. Hoje, às 8 horas, terá início a primeira aula do programa, que vai durar três semanas, com o objetivo de selecionar os médicos aptos a exercer a profissão no Brasil. Aqueles que não forem aprovados vão retornar para Cuba.
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