Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base nos dados da Pnad, do IBGE, mostra que o Brasil está adiantado no cumprimento da primeira das Metas do Milênio, estabelecidas pela ONU, de reduzir à metade a extrema pobreza.
Em 2001, 17,3 por cento da população estava na extrema pobreza (viviam com renda per capita mensal inferior a 87 reais). Em 2007, esse percentual caiu para 10,2 por cento.
A queda média ao ano foi de 7,2 pontos percentuais e a meta era de reduzir 2,2 pontos percentuais ao ano.
"A extrema pobreza está caindo em uma velocidade 3 vezes maior do que o proposto pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento)... O que fizemos não foi um milagre; foi um conjunto de políticas públicas que precisam continuar e melhorar", afirmou o economista do Ipea, Ricardo Paes de Barros, que estima em um dígito o percentual em 2008.
O Ipea aponta ainda que a desigualdade social no Brasil diminuiu de forma acelerada entre 2001 e 2007. O índice de Gini, que mede o grau de distribuição de renda, caiu 1,2 ao ano no período ou 7 por cento de 2001 a 2007.
"Se olharmos nossa desigualdade, ela ainda é uma das maiores do mundo, mas estamos entre os países que mais reduzem desigualdade no mundo", disse Paes de Barros.
Entre 2001 e 2006, a renda per capita dos 10 por cento mais pobres cresceu 7 por cento ao ano, enquanto a dos 10 por cento mais ricos aumentou 1 por cento ao ano.
"Os 10 por cento mais ricos crescem como se estivessem no Senegal, e os 10 por cento mais pobres como se estivessem na China", comparou Paes de Barros ao lembrar que o Brasil já esteve entre os 5 por cento dos países com a maior desigualdade de renda e hoje está no grupo dos 10 por cento mais desiguais no mundo.
Apesar do avanço, de acordo com o Ipea, o Brasil ainda está longe de um nível "aceitável" de distribuição de renda. O instituto estima que serão necessários mais 18 anos de redução da desigualdade, no ritmo observado entre 2001 e 2007, para que a posição internacional do Brasil com relação à renda média dos 20 por cento mais pobres se alinhe com a posição do país quanto à renda per capita.
"O caminho pela frente é muito longo... Hoje, 61 por cento dos 126 países analisados no mundo têm renda per capita menor que a do Brasil. Mas quando olhamos para os vinte por cento mais pobres, esse número baixa para 46 por cento", declarou Paes de Barros.