Desde o início do ano até agora, o Brasil já registrou 122 abalos sísmicos – número que ajuda a fazer cair por terra a máxima de que não há terremotos no país. Do total assimilado até o momento, três dos casos foram no Paraná, sendo um em Ibiporã (16 de fevereiro) e dois em Londrina – município que passou a viver em alerta com os tremores registrados nos últimos meses.
Aparentemente grande para um país que não está acostumado a presenciar este tipo de fenômeno, a quantidade realmente não pode ser desconsiderada. Para se ter uma ideia, o Peru teve no mesmo período 137 abalos, conforme dados do Serviço Sismológico nacional do país.
A diferença, segundo especialistas, fica na intensidade e na capacidade de causar danos e estragos. “No Chile, ninguém liga para um terremoto de 3.7. Aqui não se está preparado e por isso sentimos com maior impacto”, explica o professor George Sand França, do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (Obsis – UnB). “A gente não tem terremoto capaz de causar destruição, mas a gente tem terremotos que podem causar pânico na população”.
Na história
De acordo com o professor, o maior terremoto registrado até hoje no Brasil foi em 1955, em Porto dos Gaúchos, no Mato Grosso. O abalo foi de 6.2 graus. Mas, como a área era pouco habitada, não causou estragos.
Já a primeira – e até então única – morte por abalos sísmicos no país foi em 2007, em Minas Gerais. Uma criança de 5 anos morreu depois que a casa onde ela estava sucumbiu em meio a um tremor que chegou a aproximadamente 5 graus na escala Richter. O caso foi em Itacarambi, região norte mineira.
“O caso é que sempre tivemos tremores. Mas, consideráveis [maior grau atingido na escala Richter] são muito raros. No máximo, 5 graus ou 5.5 graus. Mas, mesmo assim 5.5 graus no Brasil já gera comoção e pode até surgir casas com estruturas rachadas, porque aqui as casas não são preparadas para isso”, ressalta o professor.
Causas
Basicamente, o terremoto resulta de uma falha geológica, que, por sua vez, ocorre a partir da movimentação das chamadas placas tectônicas. Quanto estas se movem a ponto de superar o limite de resistência das rochas, formam-se as falhas e acontece o terremoto – que pode ser registrado em qualquer lugar do planeta.
“O movimento das placas gera pressão em toda a terra. Se essa pressão for no limite de uma falha geológica, o efeito da liberação vai ser mais forte. Mas isso não quer dizer que longe dessas falhas não tenha efeito da pressão”, detalha França.