O Governo brasileiro anunciou nesta quinta-feira (29) uma nova licitação para relançar as obras da transposição do Rio São Francisco, um ambicioso e polêmico projeto impulsionado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que está praticamente paralisado.
O ministro de Integração Nacional, Fernando Bezerra, afirmou ao jornal "O Estado de S. Paulo" que a nova licitação custará cerca de R$ 1,2 bilhões e será publicada no início de 2012, embora o Ministério não tenha confirmado a informação oficialmente.
O projeto, iniciado em 2007, contempla a construção de 720 quilômetros de canais para irrigar uma extensa região pobre e árida do nordeste do país, que sofre de secas persistentes que impedem o desenvolvimento da agricultura.
A nova licitação será necessária porque os oito consórcios de construtoras privadas que tinham sido contratados não acabaram as obras pelo aumento excessivo dos custos de construção com relação ao orçamento original.
Segundo imagens divulgadas pelo jornal, as obras foram abandonadas e os canais de cimento apresentam fendas, por onde brotou vegetação.
O orçamento inicial foi calculado em R$ 5 bilhões, dos quais foram investidos cerca de R$ 2,8 bilhões, segundo o jornal.
Bezerra explicou que o projeto inicial "não estava detalhado" e não identificou o tipo de solo, um fator que encareceu as obras até 60% a mais, o que não está permitido pela lei de licitações.
As obras continuam nos lances que estão a cargo de empresas públicas com cerca de 3.800 trabalhadores, menos da metade dos 9 mil operários que chegaram a participar da construção.
A transposição começa na fronteira dos estados da Bahia e Pernambuco e tem dois ramais, um que levará água até a Paraíba e outro que tem ramificações até as regiões do Ceará e Rio Grande do Norte.
O Governo queria ter inaugurado o ramal da Paraíba em 2010, no último ano do mandato de Lula, mas ainda estão pendentes 30% das obras que serão concluídas em 2014, segundo disse o "Estado".
O segundo canal tem cerca da metade de seu traçado executado e poderia ser inaugurado no final de 2015, segundo os cálculos do jornal.
A transposição atiçou os camponeses e pescadores que vivem nas proximidades do rio São Francisco, terceiro rio mais caudaloso do Brasil, que se manifestaram em numerosas ocasiões para denunciar os possíveis impactos ambientais do projeto, que segundo eles só vai beneficiar as grandes multinacionais agrícolas.
Lula foi o principal incentivador do projeto e sua sucessora e afilhada política, a presidente Dilma Rousseff, o defende como uma obra necessária para desenvolver o nordeste, que é uma das regiões mais pobres do país.