Brasília Soma mais de R$ 600 milhões o valor cobrado na Justiça pela Brasil Telecom (BrT) ao banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity, a título de ressarcimento por gestão fraudulenta no período em que ele esteve à frente da operadora. O valor resulta da soma dos valores contidos na ação movida pela BrT na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e em queixa-crime na Polícia Civil de São Paulo, fóruns em que Dantas é acusado de gestão temerária, apropriação indébita e pagamento de despesas alheias aos interesses da operadora e de seus sócios.
Entre as irregularidades alegadas pela Brasil Telecom contra o banqueiro estão o pagamento continuado de funcionários e a cobertura de gastos de seu banco com dinheiro da BrT; a compra indevida da Telemig Celular e um contrato de leasing de jatinhos para desfrute do Opportunity e dos interesses pessoais de Dantas. Estão também relacionados contratos "supervalorizados" com as agências de publicidade do empresário Marcos Valério, operador do mensalão, esquema de distribuição de dinheiro para beneficiar o PT e partidos governistas.
Só com operações irregulares, conforme o balanço da operadora, os prejuízos somam R$ 410 milhões. Nesse valor estão incluídos R$ 48 milhões gastos com a contratação da empresa de investigação internacional Kroll para espionar desafetos do banqueiro, além de autoridades do governo, crime investigado em outro inquérito, da Polícia Federal.
O restante do prejuízo alegado pela Brasil Telecom está no contexto da gestão temerária, configurada no registro de pagamentos como os efetuados a escritórios de advocacia, no valor de R$ 20 milhões, que Dantas contratou para se defender depois que o escândalo da Kroll veio à tona em 2004. A bisbilhotagem motivou processos contra o banqueiro e a ex-presidente da Brasil Telecom Carla Cico.
As ações em curso na CVM e na polícia paulista são de natureza cível, para ressarcimento de danos, e atingem Dantas, na condição de ex-sócio-controlador da operadora, além de Carla Cico. Na PF, Dantas responde a dois inquéritos. Um deles é pela espionagem da Kroll. O outro é por conta do chamado dossiê DDD, atribuído ao empresário pela revista Veja e que conteria dados não comprovados da existência de contas bancárias em nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de altas autoridades brasileiras em paraísos fiscais.