São Paulo A aviação comercial passa a operar hoje dentro de nova malha aérea estabelecida na semana passada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O plano é reduzir a capacidade do aeroporto para 4,7 mil passageiros/hora, ante operação anterior de 5,1 mil passageiros/hora.
Entre as mudanças está a proibição ao aeroporto de Congonhas de oferecer vôos com raio superior a 1 mil km, e as conexões ou escalas no aeroporto paulistano. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região também determinou na sexta-feira um limite de 130 passageiros para as aeronaves que operam em Congonhas.
As duas maiores companhias aéreas, TAM e Gol, alertaram seus clientes com vôos agendados sobre as mudanças. A TAM informa que passageiros que já haviam adquirido bilhetes para destinos que não serão mais operados a partir de Congonhas serão reacomodados em vôos via Guarulhos, e aqueles que deveriam fazer conexão em Congonhas serão "atendidos em aeroportos de maior conveniência". A empresa remanejou dez vôos com saída de Curitiba, que fariam escala em São Paulo, para outros aeroportos e informou que não serão cobradas taxas de remarcação ou de embarque adicional. O telefone para informações é o 400 25 700.
A Gol também divulgou nota orientando clientes que tenham passagens em mãos a consultar o site da empresa para saber se há alterações. Foram alterados 12 vôos com saída ou chegada em Curitiba e cancelados outors quatro. Mais informações pelo telefone 0300 115 2121.
Durante o fim de semana, o aeroporto de Congonhas teve 27 de 110 vôos cancelados, no sábado, e 25 de 91 programados cancelados até as 14 h de ontem, devido ao mau tempo.
Críticas
Três das mais influentes entidades internacionais de tráfego aéreo voltaram à carga contra o Brasil no fim de semana. Em comunicado oficial, classificam o sistema brasileiro como "caótico, em estado de ruína".
O último dia da 36.ª Assembléia da Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO, na sigla em inglês) coincidiu com o primeiro aniversário do acidente do Boeing da Gol com o jatinho da Legacy, completado no sábado.
Num comunicado conjunto emitido em Montreal, no Canadá, a Federação Internacional de Associações de Controladores de Tráfego Aéreo e a Federação Internacional dos Trabalhadores no Transporte disseram que aquele episódio e a tragédia com o Boeing da TAM, no Aeroporto de Congonhas, "ilustram dramaticamente que o sistema de aviação civil (brasileiro) está num estado de ruína".
O documento afirma ainda que "esses lamentáveis acidentes não precisavam ter acontecido", e que a reação das autoridades brasileiras "incluindo a detenção de pilotos (do Legacy) e a ação judicial contra controladores de tráfego aéreo" servem apenas "para exacerbar os inúmeros problemas de um sistema em caos".
Para aquelas entidades, o fato de o governo estar operando o sistema com base em "pessoal desqualificado, é muito pouco para demonstrar o seu compromisso com padrões internacionais estabelecidos".
"O setor de aviação do Brasil está em crise. Os seus céus estão em perigo de cair num caos, e mesmo assim ninguém no governo parece estar dando atenção a isso. Uma ação deve ser tomada agora, antes que mais vidas sejam perdidas", disse Ingo Marowsky, secretário da ITF, ao divulgar o comunicado.