O Brasil deverá apresentar, durante a 16.ª Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-16), em Cancún, no México, a proposta para criar o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima. O orçamento inicial deverá ser de R$ 226 milhões e a maior parte deste valor deverá vir de recursos do petróleo. As informações são da Agência Brasil. A COP-16 será realizada entre os dias 29 de novembro e 10 de dezembro. O objetivo é conscientizar os representantes dos países participantes sobre a importância de adotar medidas mundiais que ajudem a minimizar o aumento da temperatura.
Durante o evento, o Brasil também deverá apresentar mais informações sobre o compromisso assumido na conferência do ano passado, em Copenhague, na Dinamarca, de reduzir as emissões brasileiras entre 36,1% e 38,9% até 2020.
A duas semanas da COP-16, a secretária executiva da convenção no setor de negociações, Christiana Figueres, destacou que o sucesso dos acordos depende do compromisso dos países. Segundo Figueres, a indicação de que há interesse no assunto foi dada durante a Cúpula do G20 (que engloba as maiores economias mundiais), em Seul, na Coreia do Sul, quando os presentes demonstraram que o "crescimento econômico" deve ser associado ao "desenvolvimento sustentável do meio ambiente".
"[Os países] têm de equilibrar suas expectativas de modo que cada um leve para casa resultados positivos, permitindo que outros façam o mesmo. É assim que acordos multilaterais são feitos em outros lugares e é assim que tem que acontecer com o clima também", disse a secretária. Como exemplo de esforço para mudar a situação atual ela citou a China, que recentemente anunciou um plano para o desenvolvimento da economia de energia.
Pessimismo
Pouco otimista em relação aos possíveis efeitos da COP-16, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou ontem um documento em que manifesta sua preocupação com a possibilidade das negociações entre os países produzirem um resultado "muito aquém do necessário para a preservação das condições da vida no planeta".
No posicionamento institucional elaborado pelo Comitê de Mudança Climática da entidade, a Fiesp lembra os "avanços pouco expressivos alcançados em Copenhague" (COP-15), em 2009, e diz que não houve qualquer melhoria no processo de discussão de novos acordos que serão discutidos no encontro de Cancún.
Na visão da Fiesp, as medidas para conter as mudanças do clima devem ser proporcionais ao potencial de cada país, levando-se em conta os impactos na competitividade. Além disso, o governo e iniciativa privada deveriam compartilhar a gestão dessas iniciativas. Para a Fiesp, uma das prioridades da COP-16 deveria ser quanto à definição dos mecanismos de redução de emissões por desmatamento e degradação.