O chanceler cubano, Bruno Rodríguez (ao fundo), e o ministro Patriota: medida depende de lei| Foto: Wilson Dias/ABr

O governo brasileiro se prepara para "importar" 6 mil médicos de Cuba para trabalhar no interior do país. A intenção é que os cubanos venham sob contratos temporários com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) para ocupar vagas em cidades brasileiras que até hoje não conseguem contar com atendimento de saúde.

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A informação foi dada ontem pelo ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, depois de um encontro de trabalho com o chanceler cubano, Bruno Rodríguez. "Estamos nos organizando para receber um número maior de médicos aqui, em vista do déficit de profissionais de medicina no Brasil", informou o ministro.

Os médicos cubanos viriam por meio de contratos com a Opas como prestadores de serviço para o governo brasileiro. A intenção é que esse período seja de dois ou três anos. Seria uma forma de o governo ultrapassar as dificuldades criadas pela contratação de estrangeiros, especialmente na área de medicina. Hoje, médicos formados no exterior precisam fazer uma prova de revalidação do diploma, o Revalida, em que menos de 10% dos que tentaram nos dois últimos anos foram aprovados.

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O formato de toda essa operação ainda está sendo estudado pelo governo. Depende de uma autorização legal, que poderá ser uma medida provisória ou um projeto de lei. "Ainda estamos finalizando os entendimentos para que eles possam desempenhar sua atividade profissional no Brasil e atender a regiões particularmente carentes do país", disse Patriota.

Carência

O Brasil tem, de acordo com levantamento da Organização Mundial de Saúde, pelo menos 455 municípios onde não há nenhum médico. Na Região Norte, a média é 0,8 por mil habitantes, e no Nordeste, 1,0 por mil, enquanto a OMS preconiza 1,5 por mil.

Em nota, o Conselho Fe­­deral de Medicina (CFM) condenou a iniciativa, que, segundo a entidade, proporciona "a entrada irresponsável de médicos estrangeiros e de brasileiros com diplomas de Medicina obtidos no exterior sem sua respectiva revalidação". E acusou o programa de eleitoreiro.

De acordo com o CFM, ao contrário do que asseguram os defensores dessa proposta, estudos indicam que os médicos estrangeiros tendem a migrar para os grandes centros a médio e longo prazos. "O que precisamos é de médicos bem formados, bem preparados, bem avaliados e com estímulo para o trabalho."

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