Um brasileiro foi detido ontem, em Ciudad del Este (Paraguai), fronteira com Foz do Iguaçu, durante operação do serviço de migração no comércio de importados. Segundo os fiscais, o rapaz estava portando uma carteira de migração paraguaia falsa. No entanto, ele diz que adquiriu o documento de forma legal.

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Tiago Lira, 20 anos, foi levado para a sede da Polícia Nacional do Paraguai dentro de um táxi. O veículo é um dos 50 carros colocados à disposição das autoridades paraguaias por taxistas que fizeram protestos na semana passada na fronteira contra a operação anticontrabando da Receita Federal (RF) no Brasil. Eles reclamavam da apreensão de cerca de 70 táxis em Foz e pressionaram o governo paraguaio a fiscalizar lojas em busca de trabalhadores estrangeiros ilegais.

Pouco antes de ser levado pelos policiais, Lira falou com a reportagem da Gazeta do Povo. Ele disse que fez a carteira de migração em 2004 e não sabia que era falsa. "Como vou saber? Paguei US$ 500. Eu fiz a carteira para ficar com a consciência tranqüila", diz. Até o final da tarde de ontem, Lira ainda continuava detido na Polícia Nacional. Ele integra um contingente de brasileiros, a maior parte com idade entre 18 e 30 anos, que trabalha em lojas de informática no Paraguai por falta de opção de emprego em Foz.

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O assessor jurídico da prefeitura de Ciudad del Este, Edgar Rocha, diz que Lira responderá processo por falsidade ideológica e poderá deixar a prisão conforme decisão da Justiça paraguaia. Segundo Rocha, na próxima semana os fiscais irão aos endereços indicados por funcionários das lojas para checar se realmente eles moram no Paraguai. Caso isso não seja comprovado, eles poderão ser expulsos do país e as lojas multadas e fechadas. Para poder trabalhar nas lojas, os brasileiros precisam ter documento paraguaio e morar em Ciudad del Este.

Apreensivos, os brasileiros também reclamam do tratamento prestado pelas autoridades no país. A vendedora Andréa de Campos, 28 anos, que trabalha há dez anos no país vizinho, até hoje não conseguiu tirar a carteira de identidade paraguaia. "Eles querem o documento permanente, mas nós não conseguimos tirar", diz.

O taxista Carlos Spínola diz que a operação não é uma represália paraguaia à ação da Receita Federal brasileira. Segundo ele, o país está apenas cumprindo a lei. "Não é xenofobia, há lei em todos os países. Aqui nas lojas os melhores cargos são dos brasileiros enquanto os paraguaios ficam na embalagem". A fiscalização, iniciada na quarta-feira, percorreu ontem o Shopping Lai-Lai, onde há concentração de lojas de eletrônicos e informática.