Há mais de 50 dias, o filho de um brasileiro está sequestrado no Paraguai. O jovem Arlan Fick, de 16 anos, foi levado pelo Exército do Povo Paraguaio (EPP), uma guerrilha que atua principalmente na região rural do país e, apesar do seu pai, Alcido Fick, ter pagado um resgate de US$ 500 mil, continua desaparecido e sem dar qualquer sinal de vida. A família vem recebendo ameaças.
Dono de terras no Paraguai, Alcido não pediu ajuda das autoridades brasileiras, mas elas acompanham de perto o caso. O sequestro também é seguido pelo governo do presidente Horacio Cartes.
Um dos amigos mais próximos da família Fick, Justo Anibal Casuriaga Villalba, confirmou à reportagem que o pai de Arlan, Alcido Fick estaria sendo vigiado e monitorado, assim como a irmã Rosinei Fink. "Eles estão em casa, mas sem poder fazer muita coisa, pois estão sendo monitorados", disse.
De acordo com ele, o pai teria tido contato com os sequestradores recentemente, e confirmado que mesmo em cativeiro o adolescente estaria vivo. "Não sabemos de muita coisa, esperamos apenas que esteja vivo e que ele faça contato nos próximos dias". A família prefere não falar com a imprensa.
Apesar de amigos e familiares manterem a esperança na volta do adolescente, em entrevista ao site paraguaio Hoy, o Ministro do Interior do governo paraguaio, Francisco de Vargas considera que o EPP (Exército Populista Paraguaio) não deve liberar o garoto, até que os integrantes do movimento (epepistas) presos, estejam em liberdade.
A proposta de troca foi feita por ativistas de Direitos Humanos. "A fala de Oviedo Brítez (fundador do EPP), é clara não haverá troca se não houver libertação dos presos. Libertar o jovem exporia Oviedo ao ridículo", disse em entrevista.
Positivo
Para o adido da Polícia Federal em Assunção, Zulmar Pimentel dos Santos, a troca ainda não foi pautada pelo governo paraguaio. "O movimento que se intitula popular não tem a simpatia da comunidade aqui no Paraguai. A questão da troca foi levantada pelos ativistas, e seria referente a um grupo com cerca de 10 epepistas, mas isso não foi discutido".
Pimentel revela-se comedido quanto à opinião sobre o cativeiro e diz preferir trabalhar com fatores positivos do caso; "a polícia brasileira já está auxiliando e colocamo-nos à disposição para integrar a equipe de investigação no que for necessário. O que precisamos agora é procurar o lado positivo".
Para ele a expectativa de libertação de Arlan está apoiada em duas premissas; "primeiro temos um histórico desse grupo. Nos últimos quatro sequestros, três das vítimas foram libertadas, mas passaram por um longo período no cativeiro. Segundo, o grupo pediu resgate para fazer uma capitalização, se não cumprem o acordo acabam perdendo a credibilidade. Vamos trabalhar com isso".
Os contatos anteriores feitos pelos sequestradores foram diretamente com a família Fick, sem qualquer intervenção da polícia.