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A migração entre regiões perdeu força ao longo da última década, aponta levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado ontem. Em 2004, o país tinha 2,8 milhões de habitantes que haviam se mudado de estado em algum momento dos cinco anos anteriores à pesquisa. Em 2009, ano do dado mais recente, essa parcela caiu para 2 milhões de pessoas. No Paraná, o número de migrantes também diminuiu no período. Além disso, ocorreu a reversão de uma tendência histórica: a quantidade de pessoas que vieram para o Paraná foi superior a das que se transferiram para outro estado.

A publicação tem como base o Censo 2000 e as Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (Pnads) de 2004 e 2009. Os técnicos do IBGE percebem que os tradicionais fluxos migratórios brasileiros estão perdendo intensidade. O eixo Nordeste-Sudeste enfraqueceu, efeito acumulado da melhora na qualidade de vida no Nordeste e do esgotamento da capacidade de absorção do Sudeste – principalmente na cidade de São Paulo.

De 1995 a 2000, quase um milhão de nordestinos (969 mil pessoas) saíram do Nordeste em direção ao Sudeste. De 2004 a 2009, este contingente caiu mais que pela metade, para 444 mil. Em compensação, o Amazonas se tornou um atrativo, recebendo 63 mil imigrantes em 2009 (mais que o dobro dos que foram embora no mesmo período).

Polos receptores nacionais, como os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, passaram inclusive a "exportar" imigrantes. O saldo calculado no levantamento aponta que, em São Paulo, os emigrantes são 53 mil a mais do que os imigrantes. No Rio, essa diferença é de 24 mil pessoas. O Espírito Santo vai no sentido contrário. O fortalecimento da industrialização na área de minério e siderurgia nos anos 1980 foi um fator decisivo para a atração de população, depois do esvaziamento da população nos anos de 1950 e 1960. A tendência é de que o Estado se consolide como atrativo de novos moradores nos próximos anos, graças à expansão do setor de petróleo.

As transferências para longas distâncias estão gradualmente sendo substituídas por deslocamentos dentro de uma mesma região, resultado da melhor distribuição da oferta de emprego. "Pode-se dizer que o país hoje se desenvolve em quase todas as áreas. Com essa mudança no modelo de desenvolvimento, os imigrantes tendem a diminuir", resume o pesquisador do IBGE Antônio Tadeu Ribeiro de Oliveira.

Retorno

O Paraná, por outro lado, se tornou um "importador" de migrantes. O saldo positivo ainda é pequeno (32 mil pessoas em 2009), classificado pelo IBGE como "área de rotatividade migratória", ou seja, com o sentido do fluxo de migração instável. Entretanto, analistas percebem uma mudança consolidada na curva demográfica do estado.

A partir dos anos 1970, o Paraná passou a ter um aumento progressivo de saída de habitantes e ao longo das duas próximas décadas o estado teria a menor taxa de crescimento do país. A partir dos anos 1990, no entanto, a expansão demográfica se acelera, mas ainda abaixo da taxa de crescimentovegetativo projetada. "Os principais mercados de trabalho do país não estavam fervilhantes como nas décadas anteriores, e o migrante não conseguia mais se inserir tão facilmente", relaciona Marisa Maga­­lhães, pesquisadora do grupo de estudos populacionais do Istitu­­to Paranaense de Desen­­volvi­­mento Econômico e Social (Ipardes).

Além do desestímulo à emigração, outro fator de importância é a migração de retorno. Mais de 23% dos emigrados para o Paraná em 2009 eram imigrantes de retorno – pessoas que moravam no estado e haviam se mudado para outra região. "Parte desse contingente foi para as zonas de expansão da fronteira agrícola no Centro-Oeste, para São Paulo e para Santa Catarina. Não se adaptaram e agora retornam ao estado", explica Sinval Dias dos Santos, chefe do IBGE no Paraná.

Esse é um fenômeno que ocorre de maneira semelhante em outras regiões do país que também haviam perdido população em décadas passadas. "Alguns voltam porque não conseguiram nada, outros retornam após levantar um patrimônio, pensando em montar um comércio, por exemplo", cita Marisa Magalhães, do Ipardes.

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