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A escolha do ministro da Educação, Milton Ribeiro, de Cláudia Mansani Queda de Toledo para a presidência da Capes, é "vergonhosa", apontam pesquisadores. Desde sexta-feira, o Ministério da Educação (MEC) tem recebido críticas à nomeação da reitora do pequeno Centro Universitário Bauru, antigo Instituto Toledo de Ensino (ITE), para o cargo. Além da carta aberta de entidades científicas contra a indicação, grupos de professores tentam sensibilizar o presidente Jair Bolsonaro para que intime o ministro a voltar atrás.
O currículo e as atividades acadêmicas de Claudia Mansani, dizem os pesquisadores, reúnem uma série de práticas que a Capes tem combatido nos últimos anos para impedir o funcionamento de cursos de pós-graduação sem qualidade, de perfil apenas comercial. Claudia se graduou e fez o doutorado no próprio ITE, instituição criada pela sua família. O curso de doutorado que ela coordenava entre 1994 a 2002, sem ainda ser doutora (o que em si já é constrangedor), título que só conseguiu em 2012, teve seu descredenciamento sugerido em 2017, por ter obtido apenas nota 2, mas conseguiu reverter a situação em 2020, quando garantiu a nota mínima (4). Além disso, sua dissertação de mestrado (leia aqui), além de obter a nota 4 (de 1 a 7), contém trechos que parecem ter sido copiados de outros documentos, sem citação de autor, como informou Lauro Jardim, no jornal O Globo.
A trajetória acadêmica questionável associada ao fato de o ministro Milton Ribeiro e o advogado-geral da União e ex-ministro da Justiça André Mendonça terem se formado no ITE em 1993, também pesa contra a decisão, por dar a impressão de favorecimento ilícito. "É inadmissível que uma pessoa com esse currículo seja presidente da Capes, responsável por exigir qualidade de todos os cursos de pós-graduação no país. Se Bolsonaro mantiver esse nome, certamente vai pesar sobre ele em 2022", disse um professor universitários que, com outros docentes, prepara novas manifestações contra a nomeação de Claudia Mansani para os próximos dias.