Um evento organizado pelo Ministério da Educação (MEC), em Salinópolis (PA), no ano passado, contou com a distribuição de Bíblias estampadas com fotos do ministro da Educação, Milton Ribeiro e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Os dois pastores são citados num possível esquema de tráfico de influência envolvendo a destinação de recursos do MEC. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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O evento aconteceu em 3 de julho, e reuniu prefeitos e secretários municipais de educação do Pará. Milton Ribeiro e os dois pastores também estavam presentes, assim como o presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Marcelo Ponte. As Bíblias teriam sido impressas por meio da editora Igreja Ministério Cristo para Todos, igreja ligada ao pastor Gilmar Santos. Oficialmente, Santos consta como sócio-administrador da editora. Em março deste ano, o pastor registrou em seu nome mais um editora e uma faculdade. Juntas, as duas empresas têm capital social informado de R$ 450 mil.
O prefeito de Salinópolis, que também tem fotos publicadas na Bíblia, teria sido o responsável por financiar a publicação ao custo de R$ 70 por exemplar. Após o encontro em Salinópolis, Milton Ribeiro firmou um termo de compromisso para a construção de uma escola na cidade no valor de R$ 5,8 milhões. Desse valor, R$ 200 mil já foram empenhados pelo MEC em dezembro do ano passado.
Em postagens em sua conta no Twitter, feitas no fim da manhã desta segunda (28), Milton Ribeiro não menciona o evento em Salinópolis, mas reconhece a existências das bíblias. Ele explicou que, em 2021 autorizou o uso de sua imagem “para a produção de algumas bíblias para distribuição gratuita em um evento de cunho religioso”.
Ainda segundo o ministro, no final de 2021, ele descobriu que as bíblias teriam sido distribuídas em outros eventos, mas sem a sua autorização. “Novamente agi com diligência e de forma tempestiva para evitar o uso indevido de minha imagem. Imediatamente, em 26 de outubro de 2021, enviei ofício desautorizando esse tipo de distribuição”, escreveu Ribeiro.
Na postagem, ele ainda anexou imagens de uma carta enviada no dia 26 de outubro do ano passado à editora responsável pela impressão do material e ao pastor Gilmar Santos, em que solicita a “descontinuidade da impressão” dos materiais.