O hospital infantil Astrid Lindgrens (sigla ALB, em sueco), de Estocolmo, mudou sua política de administrar bloqueadores da puberdade a crianças e jovens que apresentam a chamada disforia de gênero, a experiência da inconformidade com o sexo biológico. A decisão foi tomada ao atestar "prejuízos irreversíveis" a pacientes que iniciam precocemente os tratamentos medicamentosos para a mudança de sexo, tais como enfermidades cardiovasculares, osteoporose, infertilidade, aumento do risco de câncer e de trombose.
Em 2019, a Agência Sueca para a Tecnologia da Saúde (SBU) publicou um informe em que alertava sobre os efeitos a longo prazo das terapias de mudança de sexo em jovens e apontou que era necessário estudar o aumento de 1.500% dos casos diagnosticados de disforia de gênero em meninas de 13 a 17 anos, entre 2008 e 2018. No mesmo ano, uma reportagem que apresentava as consequências de cirurgias de retirada de mama em moças de 14 anos, no Hospital Universitário Karolinska, também abalou a opinião pública no país.
Em sua decisão, o hospital cita ainda o estudo feito pelo National Institute for Health and Care Excellence (NICE), do Reino Unido, que apontou a falta de segurança nessas terapias de mudança de sexo, e o caso de Keira Bell, jovem que se arrependeu de receber hormônios masculinos e passar por uma mastectomia aos 20 anos. Após Keira Bell ganhar uma ação contra a clínica que lhe havia convencido a mudar de sexo, o Sistema de Saúde Pública do Reino Unido suspendeu tratamentos hormonais em menores de 16 anos e passou a exigir permissão judicial em caso de pacientes entre 16 e 18 anos.
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