O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Ribeiro, criticou profissionais da imprensa e formadores de opinião que, sem conhecimentos de medicina, criticam médicos e tentam "ensinar" o que é preciso fazer para tratar um paciente com Covid-19. Em entrevista para a Gazeta do Povo, em que defendeu a autonomia dos médicos, ele pediu para que jornalistas "deixem o médico brasileiro em paz". Ribeiro também lembrou, a partir de pesquisas científicas, que é errado dizer que substâncias como a ivermectina são "comprovadamente ineficazes" na abordagem precoce contra a Covid-19.
"Eu não tenho a arrogância, a prepotência de sair dando aula de jornalismo. Quem sou eu para dar aula de jornalismo? Mas, por outro lado, como um jornalista pode aparecer numa rede de televisão ou pegar o microfone e querer ensinar para o médico brasileiro o que o médico brasileiro tem que fazer para tratar um paciente com Covid, sendo que essas pessoas nunca se sentaram na frente de um doente?", disse.
Segundo ele, pessoas que nunca viram um paciente com Covid querem "dar aula, chamando médicos que tratam na ponta de negacionistas, de terraplanistas, sendo irônicos, se arvorando como os donos da verdade, como os donos do saber". "Meu Deus do céu! Onde que está estabelecido na literatura, de forma limpa e cristalina, que a ivermectina não tem ação na Covid? Você tem de tudo. Há trabalhos seríssimos mostrando que não tem ação. E tem bons trabalhos também mostrando que tem ação. É uma droga que não mata, que não tem praticamente efeito colateral. Por que nós não respeitamos o médico que usa a droga e tem bons resultados com a droga?".
Ribeiro confirma que estudos observacionais são incipientes, mas lembra que o Covid é uma doença nova, cuja experiência de consultório não pode ser negligenciada. "Nós estamos falando da Covid, uma doença que não tem dois anos. A ciência não deu resposta. Se nós não temos resposta, deixem o médico brasileiro em paz. Parem com narrativas falsas. 'Está estabelecido que tal droga é comprovadamente ineficaz', é mentira!", afirmou.
Por causa da defesa da autonomia médica em relação ao tratamento precoce, o CFM e Mauro Ribeiro viraram alvos de inquéritos da CPI da Covid e do Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo, além de uma ação civil pública da Defensoria Pública da União (DPU).