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O médico Drauzio Varella e a Rede Globo foram condenados a pagar indenização de R$ 150 mil ao pai do menino assassinado pela transexual Suzy Oliveira. Ainda cabe recurso da decisão. Em 2020, no Programa Fantástico, a Globo exibiu uma entrevista de Dráuzio com Suzy. A matéria abordava o abandono e a violência vivenciados por transexuais nos presídios brasileiros. Em nenhum momento foi citado que a detenta (homem biológico) cumpria pena por estupro e assassinato de uma criança de 9 anos.
O pai do menino assassinado disse que a matéria o fez sofrer grande abalo psicológico ao reviver os fatos, pela exposição e também pelo tratamento dado ao autor do crime. Dias após a exibição da reportagem, Suzy recebeu centenas de cartas e presentes de pessoas que se solidarizaram com sua situação. Em sua defesa, a rede de TV disse que a matéria foi produzida sem conhecimento prévio dos crimes cometidos por Suzy.
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Para a juíza Regina de Oliveira Marques, da 5ª vara Cível de São Paulo, os réus não atenderam ao dever de veracidade. Para a magistrada, eles deveriam ter apurado melhor os fatos e os motivos da prisão. Segundo ela, ao deixar de tomar tais cuidados, levaram o espectador a erro, induzindo-o erroneamente a acreditar que o entrevistado seria mera vítima social.
Além disso, ressalta a magistrada, o dano causado ao pai do menor assassinado foi incontestável. "A matéria não apenas divulgou um fato que já existia, mas amplificou o fato e, em decorrência, a pessoa do autor passou a ser vítima de constrangimento”, diz a sentença.