Uma briga com uma vizinha, há cerca de 15 dias, pode ter sido o motivo da morte do pintor autônomo Sidney Costa Rodrigues, 24 anos, executado com um tiro nas costas após ser perseguido pelo dono da empresa de segurança privada Impacto e por cinco seguranças. Rodrigues foi morto na madrugada de domingo, no Campo do Santana, na região do Tatuquara, em Curitiba.
O empresário Alisson Daniel Martins, 29 anos, apontado como autor do homicídio, foi preso ontem à tarde. Ele se apresentou na Delegacia de Homicídios de Curitiba e não comentou a acusação.
A sede da Impacto tem sido alvo de depredações desde domingo, quando cinco funcionários da empresa foram detidos acusados de participação na morte de Rodrigues. Eles vão aguardar a conclusão do inquérito policial, dentro de dez dias, no Centro de Triagem II, no Complexo Penal de Piraquara, na região metropolitana de Curitiba. Computadores, aparelhos de choque e algemas foram apreendidos no local pela Polícia Civil. Na localidade de Moradias Rio Bonito, moradores organizaram um protesto com queima de pneus.
Ontem, Lídia Wozniak, vizinha de Rodrigues, mostrava um curativo na perna esquerda e registros feitos no 13.º Distrito Policial. "Ele (Rodrigues) chegou brigando com o pai e depois me xingou, jogou uma pedra na minha perna e um tijolo no meu rosto", afirmou. Lídia disse que conhece os seguranças da Impacto por intermédio de um parente, dono de um supermercado na região.
A versão da família da vítima, no entanto, é outra. "Ela jogou pedra no carro dele, houve uma briga entre os dois na rua e ela chamou a Impacto. Um dia depois, eles atiraram na nossa casa", disse um parente do pintor. "Dois dias depois, o Sidney foi levado para uma sala da empresa, e eles prometeram matá-lo. No sábado à noite eles estavam na sua captura, até encontrá-lo na festa, no domingo de madrugada."
Segundo a delegada Iara Dechiche, o carro da Impacto usado para perseguir o pintor, a esposa e quatro amigos foi submetido a perícia. "O Celta tinha marcas de tiros nos vidros traseiros e na lateral. Agora, a perícia vai apontar como foram feitos os disparos." O exame vai apontar, por exemplo, se houve confronto ou se as marcas são fruto de uma simulação.
O corpo de Sidney Costa Rodrigues foi sepultado ontem, às 13h30, no Cemitério Municipal do Boqueirão. "Ele era trabalhador. Ficou dois meses em Angola e voltou porque não agüentou de saudade da filha", afirmou o pai da vítima, Manoel Rodrigues, 56 anos. Sidney era casado e tinha uma filha 1 ano, Gabrieli. A empresa Impacto é clandestina e a Polícia Federal determinou o encerramento das suas atividades. O grupo Impacto Security informou ontem que tem não tem vínculo com a empresa clandestina.