O triplo homicídio cometido em São José dos Pinhais, na região metropolitana, no último dia 28, foi motivado pela discussão em razão de um fuzil de uso restrito do Exército que havia sido vendido aos acusados por uma das vítimas do crime, o advogado criminalista Teomar Piaceski, 38 anos. De acordo o delegado Osmar Dechiche, que comandou as investigações, os bandidos queriam desfazer o negócio, alegando que a arma estava quebrada. Mas Piaceski teria se negado a devolver os R$ 2 mil que havia recebido como pagamento.
A polícia informou o motivo do crime nesta sexta-feira (9) e anunciou a prisão de dois acusados de cometerem o crime: Mauricio de Oliveira, de 24 anos, e Marcelo Klaus Correia Peruci, 28. De acordo com as investigações, os dois seriam integrantes da principal quadrilha de tráfico de drogas no bairro Santa Cecília, em Curitiba, responsável pela distribuição de dois quilos de crack por mês.
Outro homem que também teria participado do crime - Carlos Augusto Cardoso teve sua prisão decretada, mas está foragido. Ele seria frentista de um posto, que teria intermediado a comercialização do fuzil de Piaceksi à quadrilha. "O Cardoso teve participação menor que os demais. Mas agora, as investigações se concentram no sentido de localizá-lo e prendê-lo", disse o delegado. A polícia também vai investigar a origem do fuzil e como o armamento chegou às mãos de Piaceski.
O crime
De acordo com Dechiche, os suspeitos teriam ido três vezes à residência do advogado, situada em um condomínio fechado no bairro Borda do Campo, para negociar a compra da arma. Por isso, o próprio Piaceski teria fornecido a eles a senha de seis dígitos e duas letras que abre o portão eletrônico. Depois de terem adquirido o fuzil, o grupo teria retornado outras vezes à casa, na tentativa de desfazer o negócio e de reaver o dinheiro dado como pagamento.
No dia 28 de junho, os três homens foram ao condomínio, onde, segundo a polícia, foram recebidos por Piaceski. Após ter se negado a devolver os R$ 2 mil, o advogado teria sido rendido pelos acusados. Segundo o delegado, Oliveira levou Piaceski para um dos quartos da casa, enquanto Peruci e Cardoso renderam a mãe e a mulher do advogado, que estavam na cozinha e foram obrigadas a se deitar no chão.
No quarto, Oliveira teria encontrado uma pistola 380, de Piaceski, e passou a ameaçá-lo. "O acusado contou que tentou agredir o advogado com o cabo da pistola, mas a arma disparou, atingindo a vítima na cabeça. Oliveira disse que se irritou e foi à cozinha, onde também executou as duas mulheres, apesar de elas terem implorado por suas vidas", disse o delegado.
As mulheres assassinadas são Lidiane Cristine Cortes Muhlstedt, de 28 anos, que era advogada trabalhista e mulher de Piaceski; e Marli Salete Jacob Muller, 54 anos, que era agente de apoio da Polícia Civil e mãe do advogado.
Depois das execuções, o grupo bagunçou a casa e pegou um aparelho de televisão, na tentativa de simular um roubo. Antes da fuga, Oliveira teria retornado a casa e disparado novamente contra todas as vítimas. Posteriormente, a televisão foi abandonada em uma rodovia.
Além da brutalidade, outros elementos chamaram a atenção da opinião pública. Piaceski e Lidiane estavam casados há apenas 45 dias. Marli, mãe de Piaceski, trabalhava em Matinhos, onde atuava como agente de apoio da Polícia Civil, e estava em Curitiba para visitar o filho.
Prisões
A polícia já havia identificado os suspeitos e armou campana nas imediações das residências onde moravam. Peruci foi preso na manhã de quinta-feira (8), quando saía de casa, no bairro Santa Felicidade. Ele portava uma arma de fogo no instante em que foi detido. Na residência dele, foi encontrada uma pistola e um notebook roubados. Oliveira foi preso no fim da tarde de quinta-feira. De acordo com a polícia, ele portava uma pistola calibre 45, usava na execução das duas mulheres. Quando percebeu a presença dos policiais, o suspeito teria tentado fugir em um Audi com placas clonadas e com alerta de roubo mas foi acabou sendo detido.
Os dois acusados estão presos na carceragem da delegacia de São José dos Pinhais, onde permanecem até a conclusão das investigações. Com a conclusão do inquérito policial, eles devem ser encaminhados ao Centro de Triagem II, em Piraquara, na região metropolitana.