Roberto D’Ávila, presidente do CFM: informações extras são para fiscalizar o exercício da profissão| Foto: Marcelo Casal Jr. / ABr

Queda de braço

Ministros criticam entidades e pedem postura democrática

Folhapress

Os ministros Alexandre Padilha (Saúde) e Aloizio Mercadante (Educação) criticaram ontem a decisão dos Conselhos Regionais de Medicina que não concederam registro profissional provisório para nenhum dos 682 médicos formados no exterior incluídos no programa federal Mais Médicos.

O governo estuda recorrer à Justiça contra os conselhos. Sem o registro, os profissionais ficam proibidos de trabalhar como médicos. A medida deve atrasar o início dos trabalhos dos intercambistas.

Segundo Padilha, o governo não vai "admitir qualquer postura para postergar a chegada desses médicos nos municípios". O ministro afirmou que o governo vem conseguindo driblar ações que tentam travar o desenvolvimento do programa. Ele afirmou que houve tentativa de boicote na inscrição e medidas judiciais contra a concessão do registro.

"Tem um parecer claro da AGU que estabelece, mais uma vez, que os CRMs têm que cumprir exatamente o que está escrito na lei. Não vamos admitir nenhuma tentativa de postergar a chegada dos médicos. A população brasileira precisa, os profissionais de saúde estão ansiosos, as unidades de saúde estão esperando esses médicos disse." Mercadante reforçou o discurso e cobrou uma postura democrática. "As entidades poderiam deixar de obstruir dessa forma e debater democraticamente ganhando ou não através do voto", afirmou.

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A briga entre governo e os Conselhos de Medicina para conceder o registro provisório dos profissionais estrangeiros que irão atuar no país dentro do programa Mais Médicos irá atrasar o início das atividades desses profissionais, prevista para a segunda-feira. Ontem, o Conselho Federal de Medicina (CFM) manteve o posicionamento de pedir documentos além dos previstos pela medida provisória do programa para conceder o documento, e os 682 intercambistas continuam sem o registro. Mesmo que as informações adicionais sejam enviadas ainda nesta semana, a avaliação é de que não haveria tempo suficiente para emitir os registros até a semana que vem.

Sem o registro profissional, os médicos não podem trabalhar, sob pena de praticarem o exercício ilegal da profissão. "Se eles começarem a atuar sem o registro, vamos à Justiça. Se necessário, à polícia. Porque isso é exercício ilegal da profissão, é crime", disse o presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), Alexandre Bley.

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Entre as informações exigida pelos CRMs que não estão previstas na MP está o local onde o profissional vai atuar e a identificação dos tutores e supervisores. Os conselhos também exigem que os médicos apresentem a tradução juramentada do diploma e do registro do profissional no país onde se formou – o que é dispensado pela MP.

Embate

Parecer da Advocacia-Geral da União emitido na última segunda-feira determina que os conselhos regionais de medicina (CRMs) não podem fazer essas exigências extras. Ontem, o presidente do CFM, Roberto d’Ávila, afirmou que pedir as informações adicionais é necessário para que os conselhos consigam fiscalizar o exercício profissional dos médicos.

Ele ainda criticou a condição dos documentos que estão sendo encaminhados pelo Ministério da Saúde para a obtenção dos registros provisórios. D’Ávila apresentou diplomas em árabe e russo, sem carimbos ou registros, informando em português que se trata de um diploma de medicina.

Problemas como os apontados pelo presidente do CFM foram detectados pelo CRM-PR na documentação de profissionais estrangeiros que vão atuar no Paraná. Segundo informações do conselho, até agora o Ministério da Saúde enviou a solicitação de registro provisório de 20 dos 30 médicos selecionados para atuar no Paraná. A documentação de nenhum deles, porém, atendeu às exigências do conselho. O CRM-PR informou ontem à coordenação nacional do programa que não irá conceder o registro provisório desses profissionais.

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Além de diplomas sem tradução juramentada, foram apresentados documentos e formulários trocados, fotos sem identificação e diplomas sem qualquer comprovação de que sejam verdadeiros.