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Infância

Brincadeiras que não morrem

Brincadeiras de bater as mãos estão entre as mais tradicionais e não desaparecem nunca: jogos como o adoleta, Popeye e china-lá estão entre os favoritos da criançada até os dias de hoje | Sian Sene/Divulgação
Brincadeiras de bater as mãos estão entre as mais tradicionais e não desaparecem nunca: jogos como o adoleta, Popeye e china-lá estão entre os favoritos da criançada até os dias de hoje (Foto: Sian Sene/Divulgação)

Elas são responsáveis pela maior parte das lembranças da infância. E, além de marcantes, as brincadeiras são disseminadoras culturais e responsáveis pelo desenvolvimento das crianças. Sofrem adaptações ao longo das gerações e ganham novos arranjos, mas não perdem a sua essência. "A brincadeira é a atividade mais completa para o de­­sen­volvimento infantil. Através de­­la, as crianças desenvolvem aptidões físicas, inteligência, alfabetização, relacionamentos de afeto e significados culturais e de vida", resume a assistente social e educadora brinquedista Ingrid Cadore.

Brincadeiras infantis como jogos de mão, pular corda e pega-pegas são o foco de uma dissertação de mestrado desenvolvida pelo educador e músico Nélio Spréa, na Universidade Federal do Paraná. "Com a pesquisa, procurei entender que significados essas tradições mantidas entre as crianças ganham nas escolas, principalmente nos recreios", conta. A vontade de ir atrás dessas explicações surgiu há alguns anos, quando Spréa pesquisava movimentos de cultura popular e se deparou com brincadeiras de roda de crianças do Norte de Minas Gerais.

O recreio escolar se tornou a base da pesquisa que acompanhou meninos e meninas de 3 a 11 anos de escolas municipais de Curitiba. São cerca de 20 minutos aproveitados diariamente pelas crianças para brincar e se distrair entre as aulas. É nesse intervalo que surgem novas brincadeiras e quando as tradicionais são reformuladas. "A partir do momento que as crianças tomam para si a brincadeira, elas passam a fazer parte do repertório e passam por um processo de renovação constante", explica o pesquisador. Ele constatou que jogos antigos como polícia e ladrão, amarelinha, batata quente, elástico, balança caixão e mãe polenta – um jogo tipicamente curitibano, segundo Spréa – continuam a divertir a criançada.

Entretanto, o trabalho também traz novidades. O chocopito, um jogo inventado por crianças da Escola Municipal Professor Lauro Esmanhoto, foi uma das descobertas da investigação. "Uma brincadeira que reúne elementos tradicionais, como a coreografia dos jogos de mão, a parlenda (versos) e a disputa que leva a um vencedor no final", relata Spréa. Seguindo os moldes de adoleta, as crianças passam batidas de mãos e, no fim das palavras "Chocopito, lês primeiro, um, dois, três", quem está na vez tem de pisar nos pés de alguém. "É um exemplo de brincadeira que tem tudo para ser disseminada para outras escolas e regiões", conta o pesquisador.

A importância cultural das atividades lúdicas despertou interesses maiores e Spréa conseguiu apoio financeiro do Fundo Mu­­nicipal de Cultura para desenvolver um documentário em parceria com o fotógrafo e documentarista Elisandro Dalcin. O lançamento será nesta segunda-feira. "Nos propomos a falar da brincadeira de forma séria. A ideia era pesquisar saberes escolares que não são transmitidos pelos professores", afirma a produtora Tatya­ne Ra­­vedutti. "O documentário vai mostrar algumas coisas que são muito comuns no dia a dia das crianças e que não são tão visíveis para os adultos", adianta Spréa.

Serviço: Lançamento do documentário e livreto Brincantes: um documentário sobre a invenção das brincadeiras na escola, de Nélio Spréa e Elisandro Dalcin. Hoje, às 19h30, na Cinemateca de Curitiba (Rua Presi­dente Carlos Cavalcanti, 1.174). Entrada gratuita.

O 1º curso de Educador Brinquedista Hospi­talar, em Curitiba, acontece entre os dias 28 de abril e 1º de maio, no Hospital Pequeno Príncipe (Rua Desembargador Motta, 1.070). Inscrições a partir de R$ 350. Mais informações com a Associação Serpiá pelo telefone (41) 3015-2045, e-mail ingridcadore@onda.com.br ou site www.serpia.org.br.

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