A causa provável para o acidente que matou duas crianças, durante uma festa de confraternização dos funcionários da Siemens, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), no domingo, é que um vento muito forte teria arrancado os brinquedos do chão. No entanto, segundo matéria publicada nesta terça-feira no jornal Gazeta do Povo, um dos brinquedos que tirou a vida de Amanda Oliveira Vieira, de 8 anos, e Luís Eduardo Weber da Silva, 5, já havia apresentado problemas pouco antes do acidente.
Segundo pais que estavam na confraternização, por duas vezes o motor que enche de ar o castelinho pula-pula havia se desligado sozinho e a lona havia caído sobre as crianças.
"Me preocupei porque poderia sufocá-las", diz a coordenadora de eventos da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Kendra Chihaya, que levou os dois filhos e um sobrinho à festa. A tragédia aconteceu minutos depois que ela retirou as crianças do brinquedo.
O outro lado
No entanto, de acordo com o sócio-proprietário da empresa Casquinha Eventos, que alugou os brinquedos, Ocimar Rodrigues, não houve nenhum problema com os brinquedos antes do acidente. "Na verdade o que aconteceu foi que pela manhã, aproximadamente uma hora após os equipamentos estarem ligados, todos os brinquedos baixaram de repente, porque alguém tropeçou no fio que ligava a tomada que abastecia os brinquedos com energia elétrica", afirmou Rodrigues.
Segundo o sócio da empresa, cerca de 15 minutos antes de acontecer o acidente o tobogã foi esvaziado, a pedido da equipe dos professores de educação física que estava ajudando a organizar o evento, pois o brinquedo estava muito quente para as crianças descerem.
O tobogã, segundo Rodrigues, estava ligado na mesma tomada do castelinho de ar, com isso os dois brinquedos baixaram. "Baixar é o que acontece quando o motor pára de receber energia elétrica e trabalhar. O brinquedo baixa lentamente, jamais ocorrendo o risco de arremessar as crianças", definiu.
Investigações
As investigações sobre as causas do acidente estão sendo feitas pelo Instituto de Criminalística, pelo 3.º Distrito Policial e pela Procuradoria de Defesa do Consumidor. De acordo com o delegado Carlos Alberto Castanheiro, do 3.º Distrito Policial, os laudos sobre as causas do acidente devem ficar prontos no máximo em 15 dias.
"Estes laudos vão atestar o estado dos equipamentos, como deveriam estar dispostos e é isto que vai definir a possível culpa de alguém. O prazo legal é de 30 dias, mas esperamos esses resultados em cerca de 10 ou 15 dias", afirmou o delegado à Agência Estadual de Notícias (AEN).
Estão sendo ouvidos os sócios da Casquinha Eventos, dona dos brinquedos, e testemunhas presentes no pátio da Siemens. Glécio Mussi Vilar, sócio da empresa, atribui ao vento a causa do acidente e descarta qualquer falha nos aparelhos. "Foi um redemoinho", afirma. Dois dos sete brinquedos foram atingidos pela ventania. O touro mecânico foi erguido do chão e lançado contra uma parede de vidro, ao mesmo tempo em que o castelo era jogado a 30 metros de distância.
"Explosão nenhuma iria arrancar os brinquedos da tomada, como aconteceu", diz Vilar, negando a outra versão para o acidente. Nos oito anos da empresa, afirma Vilar, estes brinquedos foram instalados em vários locais sem nunca precisarem ser ancorados.
O acidente
Durante a festa de confraternização, na tarde de domingo, um castelinho de ar teria sido arremessado a uma distância de aproximadamente 30 metros para frente do local em que estava, derrubando no chão algumas das crianças que brincavam dentro dele. Amanda Oliveira Vieira, 8, e Luis Eduardo Weber da Silva, 5, morreram na hora. Um touro mecânico também teria sido deslocado pelo vento e atingiu alguns adultos que estavam no local. Outras oito pessoas ficaram feridas no acidente. Destas, apenas Aline Pires dos Santos, de 9 anos, ainda segue internada no Hospital do Trabalhador para reavaliação do quadro clínico, mas deve receber alta na terça-feira (18).
Fatalidade
De acordo com a empresa Casquinha Eventos, em nota divulgada para a imprensa, o acidente foi uma fatalidade. "Estamos há oito anos no mercado e não tínhamos nenhum registro de acidente."
Ocimar Rodrigues, proprietário da empresa, também afirma que não houve negligência com os equipamentos. "Não se usam estacas ou amarras neste tipo de brinquedo. Além disso, não havia vento, a ventania veio, levantou um touro de cerca de 300 quilos e foi embora", explicou.
A Siemens divulgou no início da noite de domingo uma nota oficial sobre o acidente.
Leia a nota na íntegra:
"A Siemens Enterprise Communications, solidarizando-se com a associação desportiva classista siemens (adc), instituição organizada pelos funcionários da empresa, comunica a ocorrência de um lamentável acidente na tarde deste domingo (16/09/2007), na sede da Associação, na Cidade Industrial de Curitiba, no Paraná.
Em ação social promovida por associados, da qual participaram familiares e amigos de funcionários, dois brinquedos, trazidos e operados por empresa especializada neste tipo de evento, foram subitamente deslocados do chão, por forte rajada de vento. Lamentavelmente, em razão do ocorrido, houve duas mortes e pessoas ficaram feridas, que foram socorridas e estão em condições estáveis.
A Siemens Enterprise Communications, juntamente com as autoridades responsáveis, vem trabalhando ininterruptamente para apurar a causa do acidente e prestar todo o auxílio às vítimas e suas famílias. As autoridades competentes compareceram na sede da associação fazendo o levantamento das circunstâncias que causaram o acidente.
Foi colocada à disposição dos envolvidos toda a assistência social e médica necessárias. A siemens enterprise communications lamenta profundamente a fatalidade e reitera seu apoio às vítimas, familiares e autoridades."