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Bruno e Macarrão deixam sala de audiência após pedido de testemunha

A segunda testemunha de acusação a ser ouvida nesta quinta-feira (26) no processo em que Bruno e seu amigo Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, são acusados pelos crimes de sequestro, cárcere privado e lesão corporal contra Eliza Samudio, em outubro de 2009, a estudante de direito e amiga de Eliza, Milene Baroni Fontana, pediu que os dois deixassem a sala de audiência antes de começar a depor.

Milene, que foi ouvida por 40 minutos, na 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, usou como argumento "motivo de foro íntimo". O pedido, segundo a assessoria do Tribunal de Justiça, foi aceito pelo juiz que preside a sessão.

A jovem reforçou o depoimento que Eliza deu à delegada Maria Aparecida Mallet, na época titular da Delegacia de Atendimento a Mulher (Deam), onde a ex-namorada de Bruno prestou queixa. Segundo o TJ, a estudante explicou que só ficou sabendo da suposta tentativa de aborto que a amiga sofreu no dia seguinte, após receber uma ligação de Eliza pedindo que ela a acompanhasse até a delegacia. Milene relatou ao juiz que a amiga contou que Bruno e Macarrão passaram álcool em seu corpo, deram tapas, ameaçaram e a obrigaram a ingerir dois medicamentos – um azul e outro rosa - que seriam de efeito abortivo.

Milene disse ainda que, após o episódio, Eliza foi para São Paulo e, depois do nascimento do filho, voltou para o Rio, onde ficou a princípio na casa de uma amiga, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, até receber uma proposta de Bruno para morar em um apart hotel pago pelo atleta.

Delegada diz que Eliza contou que foi ameaçada

A primeira testemunha de acusação ouvida foi a delegada Maria Aparecida Mallet. Ela era titular da Delegacia da Mulher na época em que Eliza prestou queixa. Na audiência, a delegada contou que Eliza afirmou que o goleiro Bruno a ameaçou de morte caso ela não aceitasse abortar o filho que seria supostamente dos dois.

"A primeira vez que Eliza me procurou estava muito nervosa e relatava que estava sendo ameaçada de morte", disse a delegada.

Durante a audiência, Maria Aparecida disse que Eliza contou que conheceu Bruno num churrasco, e posteriormente engravidou dele. Segundo a delegada, a jovem afirmou que o goleiro estava insistindo para ela fazer um aborto, e na madrugada do dia 13 de outubro, Bruno teria ido até o apartamento de Eliza, junto com Macarrão, e mais dois homens. Eliza teria sentado no banco de carona ao lado de Bruno, que estaria dirigindo, e o goleiro teria tentado convencê-la novamente a fazer o aborto. Bruno teria ameaçado, então, Eliza de morte caso ela não tomasse os remédios abortivos, ainda segumdo o depoimento da jovem à delegada.

A delegada disse ainda que, com medo, Eliza teria afirmado que aceitou tomar os remédios abortivos quando estava na garagem do condomínio de Bruno. Eliza teria dito ainda que o irmão de Bruno era uma das pessoas que estavam no carro. Segundo o depoimento da jovem, tudo teria acontecido por volta da 2h do dia 13 de outubro, e ela teria dormido na casa do goleiro até a tarde do dia 13. De lá, ela teria ido embora de táxi.

Durante a audiência, Maria Aparecida Mallet teve que explicar à defesa do goleiro por que não mandou prender Bruno após a denúncia de Eliza. Segundo ela, na época, não havia testemunhas para comprovar o que Eliza narrou. A delegada falou ainda que o porteiro do condomínio de Bruno disse ter aberto o portão por volta das 3h e por causa do vidro escuro não enxergou todas as pessoas que estavam no carro. O porteiro teria visto apenas Bruno e Macarrão no veículo.

Maria Aparecida lembrou ainda que ficou com o caso apenas por seis dias, já que no dia 20 de outubro ela foi transferida para outra delegacia.

Além da delegada e da amiga de Eliza, outras três testemunhas de acusação serão ouvidas nesta quinta-feira (26): Leandro Carlos da Conceição Freitas (porteiro do condomínio do Bruno), Mateus Laguer Dantas (funcionário do condomínio) e Mauro José de Oliveira (funcionário do condomínio).

Ainda segundo a assessoria do TJ, Bruno e Macarrão chegaram algemados à sala de audiência. Pouco depois, a defesa requisitou que fossem retiradas algemas e o juiz aceitou o pedido.

Chegada ao Rio

Bruno e Macarrão também são réus no processo deste ano sobre o desaparecimento e morte de Eliza, em Minas Gerais, onde estavam presos. Os dois chegaram à 1ª Vara Crimal de Jacarepaguá no fim da manhã. Antes, os dois foram encaminhados para o Instituto Médico Legal, onde ficaram por pouco mais de dez minutos. Segundo a assessoria do TJ, eles devem ficar presos em Bangu II durante 30 dias, conforme pedido do juiz Marco José Mattos Couto, da 1ª Vara Crimal de Jacarepaguá.

De acordo com o advogado dos réus, Ercio Quaresma, a defesa não gostaria que Bruno e Macarrão permaneçam no Rio aguardando as próximas audiências. "Não vejo motivo para eles ficarem aqui. Minha intenção é que eles voltem pra Minas Gerais." Quaresma disse também que vai entrar com um pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal do processo que tramita no Rio.

Promotor afirma ter provas

O advogado da mãe de Eliza, Sônia Fátima Moura, José Arteiro Cavalcanti, informou que Fátima recebeu uma ameaça por telefone e por isso não compareceu à audiência. Segundo ele, um homem afirmava que ela corria risco de morte se fosse.

"Não sabemos quem foi que fez a ameaça. Mas ela preferiu não vir", disse o advogado. Sônia compareceria ao Fórum apenas para acompanhar a audiência.

O promotor Eduardo Paes informou, pouco antes da audiência começar, que possui provas que comprovam a culpa dos réus. Segundo ele, não existe uma testemunha-chave.

"Todas as testemunhas são relevantes e juntamente com as provas do caso pretendemos comprovar o que aconteceu", afirmou.

Suspeitos deixaram Minas pela manhã

Bruno e Macarrão foram transferidos de Minas Gerais para participar da primeira audiência marcada do processo. Os dois desembarcaram no Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio, às 10h45.

De acordo com a Polinter, os dois ficariam um mês presos no Rio, para oito audiências do mesmo processo. No entanto, o Tribunal de Justiça do Rio não confirmou as outras sete audiências. O advogado de Bruno, Ércio Quaresma, também afirmou desconhecer as sete audiências. De acordo com ele, mesmo que fossem oito, os dois teriam que ser transferidos de Minas para o Rio em todas as ocasiões.

Bruno e Macarrão não poderão receber visitas durante o período em que ficarem no presídio Bangu II. A informação foi dada na quarta-feira (25) pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), acrescentando que os dois ficarão "em celas individuais e separadas", e "não terão contato com os outros presos".

Entenda o caso

O goleiro Bruno e Macarrão também são réus no processo que investiga a morte de Eliza Samudio. A Justiça de Minas Gerais aceitou a denúncia do Ministério Público contra Bruno e outros oito envolvidos no desaparecimento e morte de Eliza. Fernanda Gomes de Castro, namorada de Bruno, foi presa em Minas Gerais.

O goleiro Bruno; Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão; Sérgio Rosa Sales; Dayanne Souza; Elenilson Vítor da Silva; Flávio Caetano; Wemerson Marques; e Fernanda Gomes de Castro vão responder na Justiça por homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado, ocultação de cadáver e corrupção de menor. Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, é o único que responderá por dois crimes. Bola foi denunciado por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Todos os acusados negam o crime. As penas podem ultrapassar 30 anos.

A pedido do Ministério Público, a Justiça decretou a prisão preventiva de todos os acusados. Com essa medida, eles devem permanecer na cadeia até o fim do julgamento.

Em 2009, Eliza teve um relacionamento com o goleiro Bruno, engravidou e afirmou que o pai de seu filho é o atleta. O bebê nasceu no início de 2010 e, agora, está com a mãe da jovem, em Mato Grosso do Sul.

A polícia mineira começou a investigar o sumiço de Eliza em 24 de junho, depois de receber denúncias de que uma mulher foi agredida e morta perto do sítio de Bruno. A jovem falou pela última vez com parentes e amigas no início de junho.

O corpo de Eliza não foi encontrado. Mas os delegados consideram a jovem morta. Todos negam envolvimento no caso.

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